PAPA FRANCISCO EXCOMUNGA A MÁFIA
O Papa Francisco não tem medo de missões desagradáveis. A sua viagem à região de Calábria, bastião da criminalidade organizada da Itália, demonstra coragem. No sul da Itália encontram-se radicadas as grandes organizações da Máfia: Cosa Nostra, Camorra e Ndrangheta.
O Papa visitou a prisão de Castrovillari onde se encontram os familiares de uma criança de três anos (Cocó) que, nascida na prisão, tinha sido assassinada em Janeiro com o avô e sua parceira em acto de vingança entre grupos mafiosos. Em Março, o Papa já tinha recebido em audiência 900 familiares de vítimas da Máfia.
Na boca do lobo, o pontífice Francisco confronta os grupos mafiosos e as estruturas sociais que os apoiam dizendo: „Aqueles que escolhem o falso caminho, como os mafiosos, não se encontram em comunhão com Deus. São excomungados.“ Como “seguidores do mal” não podem pertencer à Igreja Católica.
Na missa perante mais de 100.000 fiéis, o Papa referiu-se directamente à Ndrangheta, uma das organizações da Máfia com 7.000 membros que inclui cerca de 90 clãs ou quadrilhas organizadas familiarmente.
O Santo Padre adverte: “Quando a admiração por Deus é substituída pela admiração do dinheiro, então abre-se a estrada do pecado, do próprio interesse e da repressão”. “A Ndrangheta é exactamente isso – a admiração do mal, o desprezo do bem-comum. Contra este mal tem de se combater.”
A Ndrangheta tem um volume de negócios anual avaliado em € 53 bilhões ou seja, 2,7 % do PIB italiano, proveniente, sobretudo, do negócio com drogas (80% da cocaína da Europa passa pelo porto calabrês de Gioia) e armas, descarte de resíduos ilegais, prostituição, tráfico de seres humanos, lavagem de dinheiros e extorsões. A organização mafiosa Ndrangheta está activa não só na Itália mas também no norte da Europa, na América latina, nos USA, etc.