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A bem da Nação

OS XICOS'PERTOS

Chico esperto.png 

 

Sim, eles andam por aí… São os Xicos’Pertos.

 

 

Todos os conhecemos - cheios de si, ignorando que os outros não são tão burros como eles julgam, ambiciosos fulgurantes mas que frequentemente nem sequer sabem o significado do seu próprio hedonismo; adulando o ter que tomam por ser, quanto menos letrados, mais audaciosos e menos cautelosos.

 

 

Sim, eles andam por aí e, aos boçais, nós topamo-los à distância. Mas há outros que se dissimulam e, quando menos esperamos, já fizeram das suas e meteram alguém nos mais ensarilhados sarilhos - são os inteligentes e cultos mas Xicos’Pertos também.

 

 

Exemplos? Muitos e variados desde o simples trafulha que tenta vender gato por lebre – todos esses que cá pela nossa «santa terrinha» inventaram cursos universitários sem qualquer saída profissional e mais não são do que passaportes para o desemprego mas que entretanto sacaram lautas propinas aos paizinhos quase analfabetos de estudantes chumbões que não tiveram média para aceder a cursos sérios, até àqueles que não passam de impostores ao deixarem que lhes chamem «engenheiros» ou «doutores» com licenciaturas concluídas ao Domingo, com passagens administrativas ou com equivalências de legitimidade super duvidosa… até aos que acabam a trás das grades porque acharam que os outros eram todos burros e não topavam que «quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem».

 

 

Varoufakis.png

 

Mas se todos estes não passam de simples trapaceiros, outros há que são mesmo sofisticados e até merecem que os cumprimentemos com algumas chapeladas. Por exemplo, refiro-me a Yanis Varoufakis que tentou driblar toda a Europa e demais credores da Grécia, com grande mediatismo meteu o seu país em mais sarilhos ainda do que aqueles em que ele já estava, acabou corrido com um pontapé no «sim senhor» e foi substituído por um Euclides qualquer coisa1 sem carisma de espécie nenhuma e que só deve querer que se esqueçam que ele existe.

 

 

Mas o «encantador de Senhoras» escreveu um livro que venho lendo nos intervalos de outras leituras mais caducáveis e que tem muito que se lhe diga. Trata-se de «O Minotauro global»2 e só lhe pego quando tenho a certeza de que não terei nenhum ataque de azia. Foi-me oferecido por quem me quis lançar um desafio com vista a saber se as nossas (do Autor e minha) inconciliáveis posições políticas seriam de algum modo conciliáveis no plano da doutrina económica.

 

 

E então, a primeira apreciação que me ocorre tem a ver com o prazer de ler algo escrito por um Fulano inteligente e culto, apesar de me ter munido de toneladas de cautelas e desconfianças para não me deixar enlear nalgum «conto de Vigário»; sim, porque os «assobios de Fauno» podem seduzir as mais belas Lagardières mas por mim passam a galáxias de distância.

 

 

Em escritos posteriores contarei sobre esse tal Minotauro, sobre um Plano Global americano que o Autor descreve de modo discutível mas verdadeiramente interessante, sobre o «lago dos derivados tóxicos» e sobre muitos outros temas que fazem do livro uma leitura interessante para quem gosta deste género de temas, todos os da infindável história da economia política.

 

 

Mas hoje deixo apenas uma referência a George Soros quando este grande «Xico’sperto» em 2009 refere em The crash of 2008 and what it means: the new paradigm for finantial markets, Nova Iorque, Public Affairs, que Varoufakis refere em nota ao seu Capítulo 5 a páginas 261: A crença de que os mercados tendem para o equilíbrio, é directamente responsável pela perturbação actual encorajando os reguladores a abandonar a responsabilidade e a dependerem do mecanismo de mercado para corrigir os seus excessos.

 

 

Confesso que por esta é que eu não esperava vinda de quem vem, esse que sempre tomei por ser o maior inimigo de toda e qualquer entidade reguladora em qualquer ponto do nosso planeta e que eu presumira fiel adepto do princípio da autoregulação dos mercados no sentido do equilíbrio.

 

 

Como diriam dos franceses, fiquei de «bouche bée».

 

 

Estou sempre a aprender e assim espero continuar per secula seculorum...

 

 

Tavira, 3 de Agosto de 2016

 

 

Henrique Salles da Fonseca

Henrique Salles da Fonseca

(por Francisco Gomes de Amorim)

 

1- Euclide Tsakalotos

2- Bertrand Editora, 1ª edição portuguesa de Junho de 2015

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