OS RADICAIS E OUTROS QUE TAIS
Perguntado sobre o que penso dos políticos radicais, ocorre-me dizer que…
… muito jovem ainda, tomei consciência política num quadro ideológico bem definido em que a alternativa se colocava entre o fascismo e o Estado de Direito.
No fascismo enquadravam-se regimes políticos governados pelo capricho do ditador: Hitler, Mussolini, Stalin, Enver Hoxha, Mao Tse Tung, Franco, Péron, Somoza, Stroessner,...
No Estado de Direito, enquadravam-se todos os outros mais ou menos autocratas e mais ou menos democratas. Salazar, por exemplo, era autocrata mas claramente a favor do Estado de Direito (e esta minha opinião desespera os da esquerda).
Dentre as políticas económicas (e sociais, claro), tínhamos o comunismo (tudo era do Estado e ponto final na discussão), o socialismo (as «coisas» importantes eram do Estado e as menores eram privadas), a social democracia tributava fortemente a vulgarizada propriedade privada, o liberalismo em que vingava o «laissez faire-laissez passer» e a Administração Pública era reduzida à menor expressão. A Democracia Cristã assentava na democratização do acesso à propriedade privada, na valorização da Pessoa e na construção de um Estado Social que não esmagasse o crescimento económico.
Por esta minha descrição, dá para perceber que sou democrata cristão (não religioso).
Actualmente, a alternativa põe-se entre políticas pró-burguesas (tomados como sendo de direita) ou anti-burguesas (de esquerda, claro) assumindo as expressões mais correntes de liberalismo e de socialismo. Os actuais Partidos socialistas e social-democratas praticam o liberalismo (com mais ou menos casos de Polícia à mistura) e sem variantes que económica e socialmente os distinga.
Quem destabilize este cenário partidário tradicional, é apelidado de populista e de radical e tanto faz que preconize políticas económicas ou sociais mais ou menos conotadas com a direita ou com a esquerda.
Para mim, ser radical é não pactuar com a moderação; para o radical, tudo é branco ou preto, não há cinzentos.
É que, afinal, pensando maduramente, prefiro os radicais livres.
Julho de 2018
Henrique Salles da Fonseca