OS MEUS TRÊS ASSUNTOS MAIS IMPORTANTES
O ser humano, como ser vivo que é, tem como primeiro dever sobreviver e da mesma forma todas as organizações humanas desde a família até aos estados e passando pelas empresas devem cuidar de cumprir este dever, pois se assim não for mais tarde ou mais cedo, normalmente mais cedo, serão eliminados.
Ora para se conseguir sobreviver tem que ser mais competitivo ou pelo menos tão competitivo como aqueles que connosco competem e assim podermos garantir também a nossa independência.
O exemplo do afogado: uma pessoa cai à água e a primeira coisa a fazer é ter a boca e o nariz fora dela para poder respirar, a seguir conseguir sair da água e se estiver frio tratar de se aquecer para não morrer de hipotermia. E depois alimentar-se. Quando a primeira fase da sobrevivência estiver passada, mesmo que seja apenas no curto prazo, pode e deve organizar-se para viver, no entanto nunca esquecendo a importância de garantir a sobrevivência. Aquilo que agora se denomina como a sustentabilidade do sistema adoptado.
Para que tudo corra bem é essencial que a pessoa, ou o grupo de pessoas, saiba gerir os seus trabalhos e a sua vida de forma eficiente e um dos princípios desta eficiência é sempre saber distinguir o essencial do acessório. Como se pode entender consultando o esquema resumido apresentado em anexo.
Assim aplicando este princípio há que ter a noção das causas essenciais da crise que sofremos nestas últimas décadas e conseguir realizar os actos necessários para inverter o rumo catastrófico que temos vindo a percorrer.
Em Setembro de 2013 publiquei um artigo sobre a reforma do Estado, mas dada a situação actual não resisti a voltar a este tema, embora mais resumidamente.
Houve muito dinheiro fácil desde subsídios europeus para o nosso desenvolvimento que foram muito mal utilizados até financiamentos com juros baixos, quer para o Estado quer para as empresas e para os cidadãos, que foram aplicados em consumo e investimentos impróprios em vez de contribuírem para aumentar a nossa competitividade. Foram cerca de 300 000 milhões de euros que entraram mas o PIB nacional foi pouco afectado como deveria ter sido. E curiosamente durante as décadas em que isto aconteceu nenhum dos dois partidos, PS e PSD, que lideraram alternadamente a governação do País, deu sinal de desacordo ou de tentativas de correcção, até estarmos à beira da bancarrota.
E na tradição do século XIX, de triste memória, sempre tentando atribuir as culpas a outros…
A que se deve acrescentar o pouco interesse da nossa comunicação social por estes temas. Porque terá sido?
E além disto verificou-se o desenvolvimento de uma estrutura do Estado com elevado valor de despesa não produtiva, praticamente em todos os Órgãos de Soberania e nas Autarquias, que obviamente não possibilita diminuir o défice e portanto o pagamento das dívidas e ainda por cima com uma actuação governativa que dificulta o desenvolvimento económico e social.
Portanto para se realizar este objectivo, isto é, corrigir este rumo para outro de desenvolvimento e independência, julgo ser essencial realizar estes três planos de actividade, obviamente aplicando com todo o rigor os princípios da gestão eficiente:
1º A reforma do Estado, sem o que não conseguiremos pagar a dívida e aumentar o desenvolvimento e a sustentabilidade.
2º Recuperar a independência perdida mesmo que façamos parte duns Estados Unidos da Europa, única solução para a sustentabilidade dos europeus, o que significa ter sob o controle nacional, seja privado ou estatal, as principais actividades de que depende a nossa independência.
3º A recuperação da Marinha, como conjunto da Armada e das Marinhas de Comércio, de Pescas e de Recreio, não só por razões de segurança e de economia mas principalmente para recuperarmos a actividade nacional que mais contribuiu para fundar a nossa independência e a nossa posição no mundo.
Temos agora uma oportunidade excelente de o próximo Governo e o próximo Presidente da República cortarem os custos excessivos das suas despesas operacionais e realizarem as reformas estruturais que os anteriores não quiseram ou não conseguiram concretizar.
Lisboa, 31 de Outubro de 2015