OS DOIS PILARES DO TEMPLO
Hoje, começo pela conclusão: Governação sem ética é governança.
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Conheço a Argentina desde o Delta do Paraná-Rio da Prata até o Ushuaia-Terra do Fogo. Ou seja, conheço mais da Argentina do que a maior parte dos argentinos. Acho que é um País fantástico (cheio de fantasia) e formidável (capaz de ganhar forma como potência mundial).
Como país formidável, contam as enormes condições naturais que lhe permitiram na primeira metade do séc. XX ser potência mundial na produção de cereais e de carne até que houve um «levantado» vaidoso que deitou tudo a perder. Chamava-se Juan Péron e, para a maior desgraça do país, «deu corda» a Evita, a maior demagoga dos tempos modernos. Ele assumiu a Presidência do país, baseado no Sindicato dos Frigoríficos de Buenos Aires fazendo também a industrialização forçada; ela passou a gerir o Orçamento Social. As insolvências industriais a sucederem-se em catadupa; o Orçamento Social a exigir uma política monetária de fazer gripar rotativas, a inflação a tragar tudo e todos; a agricultura a não conseguir suportar tanto desmando. Evita adoeceu e morreu; o General foi apeado e exilado para Espanha. Mas o mal perdurou com «defaults» sucessivos até Javier Milei ser eleito e ter conseguido baixar a inflação dos 240% anuais para a casa dos 30%. Ainda é muita a tensão inflacionista mas os eleitores parece terem aprendido a lição e reforçaram nas recentes eleições intercalares aquele a quem os da demagogia tinham apelidado de «el loco».
Já basta a Argentina ter entrado nos compêndios de economia pelas portas do fundo para que agora possa entrar na Galeria de Honra das políticas Orçamental e Monetária que são os dois atuais grandes pilares do templo argentino.
Chegada a hora da sensatez lembro-me, de grandes fenômenos tais como Astor Piazzola, Carlos Kleiber, Martha Argerich, Jorge Luís Borges, o Papa Francisco e muitos outros em que me falha a memória…
Oxalá a demagogia justicialista não volte a entornar o caldo.
Outubro de 2025
Henrique Salles da Fonseca
