O SUMO DA SÍNTESE
ou
«METENDO O ROSSIO NA BETESGA»
Mais do que a condição lógica, impera a física na impossibilidade de o conteúdo ser maior que o contentor e, daí, que com o exercício da síntese, algo fique de fora. Se a síntese pretender ser superlativa, corre-se o risco da perda de itens essenciais. Já raiará a subjectividade quando entrarmos na consideração de que há pontos cuja essencialidade seja mais importante que a de outros também essenciais.
Contudo, a alternativa à síntese é, muito provavelmente, um tratado e, para isso, não há conhecimentos que exaustivamente abarquem tudo, passe o pleonasmo.
Fico-me, portanto, pela síntese e, nela, pelo seu grau superlativo, fico-me pelo sumo da síntese.
* * *
O exercício a que nestes últimos dias me dediquei foi o de tentar definir uma religião com uma única palavra e pensei no Budismo, no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo: Admito breves contextualizações entre parêntises.
Budismo – compaixão (procedimento individual visando a felicidade alheia);
Judaismo – esperança (…na vinda do Messias);
Cristianismo – perdão (…dos maus procedimentos alheios devidamente arrependidos);
Islamismo – talionismo (vingança; «olho por olho, dente por dente»).
Facilmente se constata que não toco no relacionamento de cada religião com a respectiva Divindade e que me centro apenas na relação com os respectivos crentes. Chamemos-lhe a orientação religiosa dada à atitude social. E fico-me por este esboço (caricatura é expressão inaceitável quando o tema é religioso) pois considero que a fé não se discute e muito menos se adjectiva.
Em todos os casos referidos, considweo apenas o que se passa actualmente: ouso ignorar esse absurso do perdão católico que foi a Inquisição (apenas extinta em Portugal com a entrada em vigor da Carta Constitucuinal de 1821) nem o que era o Islamismo pré-wahhabismo (nosso séc. XVIII).
NOTAS FINAIS
- A Santa Sé «adamou» a Inquisição (os Tribunais do Santo Ofício) transformando-a na «Congregação para a Doutrina da Fé» cujo responsável máximo foi Joseph Cardinal Ratzinger antes de se transformar no Papa Bento XVI.
- “Ei pour cause”, recordo Frei Leonardo Boff e a sua «Teologia da Libertação» com o que – na ausência de debate harmonioso – levou à perda da maioria absoluta do catolicismo no Brasil e ao fulgurante aparecimento da «indústria evangélica de milagres» (com o que Boff nada tem a ver, creio).
- Admito que a «Juventude Hitleriana» poderia ter sido ainda mais malévola se o jovem Joseph Ratzinger não tivesse passado pelas suas fileiras e que o holocausto de judeus e arianos (os ciganos são arianos) pudesse ter sido ainda mais mortífero se Joseph Ratzinger não tivesse estado militarmente colocado num campo de concentração.
- De seguida, peço que releiam os últimos versículos do capítulo 16 de Ezequiel quando o Senhor revela que estabeleceria a Sua aliança com Israel, dizendo-lhe: “Tu saberás que eu sou o Senhor, para que te recordes e te envergonhes e, na tua confusão, não abras mais a boca quando eu te tiver perdoado por aquilo que fizeste”. (Ezequiel 16: 62,63)
Janeiro de 2023
Henrique Salles da Fonseca