O SAL NA COMIDA
D. António Alves Martins (1), bispo de Viseu de 1862 a 1882, dizia que A religião deve ser como o sal na comida: nem muito nem pouco, só o preciso.
Cerca de um século e meio depois, Bento XVI afirma na sua encíclica Caritas in Veritate:
«A exclusão da religião do âmbito político e, na vertente oposta, o fundamentalismo religioso, impedem o encontro entre as pessoas e a sua colaboração para o progresso da Humanidade. A vida pública torna-se pobre de motivações e a política assume um rosto oprimente e agressivo. Os direitos humanos correm o risco de não serem respeitados, ou porque ficam privados do seu fundamento transcendente ou porque não é reconhecida a liberdade pessoal.
No laicismo e no fundamentalismo, perde-se a possibilidade de um diálogo fecundo e de uma profícua colaboração entre a razão e a fé religiosa. A razão tem sempre necessidade de ser purificada pela fé e isto vale também para a razão política que não se deve crer omnipotente. A religião, por sua vez, precisa sempre de ser purificada pela razão, para mostrar o seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo implica um custo muito gravoso para o desenvolvimento da Humanidade.» (2)
Imagem figurada em termos prosaicos ou análise erudita, eis que em século e meio a Humanidade continua extremada entre o laicismo mais ou menos radical e o fundamentalismo da leitura à letra de textos sagrados.
Progresso?
Henrique Salles da Fonseca
(1) - António Alves Martins, membro da Ordem dos Frades Menores (franciscano) (Alijó, 18 de Fevereiro de 1808 — 5 de Fevereiro de 1882) foi Bispo de Viseu desde Julho de 1862. Foi eleito deputado em 1842 e nomeado enfermeiro-mor no Hospital de São José em 1881. Iria viver para Viseu, Portugal, a 29 de Janeiro de 1868 e aclamado ministro do Reino quer no mesmo ano, quer em 1870. Viria a falecer pobre, no entanto, no Paço do Fontelo.
Para saber mais, v. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Alves_Martins
(2) in “Porquê e para quê – Pensar com esperança o Portugal de hoje”, D. Manuel Clemente, pág. 39 – Assírio & Alvim, ed. Novembro de 2010