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A bem da Nação

O QUE DIZ A MINHA BOLA DE CRISTAL? – 1

 

Bola de cristal.jpg

 

 «A IMPORTÂNCIA DE SE CHAMAR ERNESTO»

(comédia de Óscar Wilde)

 

Dissertar sobre um livro que nunca se leu é mais difícil do que sobre qualquer outro que se tenha lido - Monsieur de La Palisse não seria mais explícito.

 

Mas sempre vou sabendo que nesta comédia o tal Ernesto apenas não existe e que duas Senhoras se deixam convencer de estarem dele noivas num enredo que logicamente as conduz ao celibato. Ou seja, muito stress e, afinal, tudo debalde. Eis por que sempre considerei que a importância de se chamar Ernesto é nenhuma e, plagiando Isidore Lucien Ducasse, mais conhecido pelo pseudónimo literário de Conde de Lautréamont (Montevideu, 4 de Abril de 1846 — Paris, 24 de Novembro de 1870) e um dos escritores franceses mais refractários, (...) confesso que o considerei cheio de uma notável quantidade de importância nula...

 

Autrement dit, cheira-me que dentro de poucos dias vamos reconhecer esta notável quantidade de importância nula a personagens desgravatadas – ou serão apenas sans culotte? – que esbracejam nas cenas gregas arengando parangonas contra os ingénuos que lhes emprestaram dinheiro permitindo-lhes viver a crédito durante tempo de mais. Tempo de mais? Sim, o suficiente para muitos se julgarem com direito a tudo isso sem contribuírem com qualquer valor para o bolo que comeram e que exigem continuar com ele na mão. Também eles se habituaram ao «bem bom» do consumo de tudo o que era produzido no exterior fazendo-me lembrar outros de quem Júlio César dizia que «não se governavam nem se deixavam governar». A quem se referiria ele…? Ah!, os extremos tocam-se mesmo, afinal.

 

Tsipras.jpg

 

E arenga o chefe desgravatado o mesmo tipo de atoardas que Fidel Castro arengou durante os 40 anos que teve de trono estribado numa polícia política que o pôs a recato de críticos; este, o de agora, não tem nem terá esse tipo de protecção mas já provocou o encerramento dos Bancos com a salvação dos cidadãos empobrecidos através da calixta economia paralela grega; à imagem da Venezuela, seguem-se os supermercados que encerrarão sine die por falta de mercadoria nas prateleiras e então, pior dos males, não haverá mais subterfúgios que evitem a ruptura dos abastecimentos.

 

Na falta da tal polícia política, a insurreição será uma fatalidade, os desgravatados serão corridos, o crédito será reaberto, os Bancos retomarão alguma actividade e os supermercados voltarão a ter alguma coisa nas prateleiras.

 

Mas, como diria o Conde de Lautréamont se não se tivesse suicidado com a corda que tinha em stock para vender aos seus clientes na loja do pret à porter dos suicidas, «tout doucement et sans rancune». Como assim? Ah!, é que tudo não passou de um entracte cheio de uma notável quantidade de importância nula. Muito stress e tudo debalde, um cenário de autênticos Ernestos!

 

Lagarde e Varoufakis

 

Nota final - A profusão de galicismos e referências à cultura francesa neste texto tem tudo a ver com o sorriso quase pornográfico de Christine Lagarde a Janis Varoufakis pouco depois de os desgravatados gregos terem passado a liderar os syrizados globalizados aos gritos de «caloteiros de todo o mundo, uni-vos!».

 

Horas antes do referendo grego de Julho de 2015,

 

C-HSF-Mékong.jpg

Henrique Salles da Fonseca

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