O OVO DE COLOMBO
Boris Johnson ganhou inequivocamente as eleições e assim tomou forma a saída negociada do Reino Unido da União Europeia, o Brexit civilizado.
Um problema insolúvel é a mossa feita nas férreas convicções daqueles que consideram a UE como um edifício para que se entra mas de que se não sai, qual sentença perpétua. Tudo o mais, pelos vistos, tem solução como demonstra o acordo a que Bruxelas e Londres chegaram depois de um relativamente longo processo negocial iniciado por Teresa May e concluído por Boris Johnson.
Não sei como vai evoluir a questão da Escócia mas algo me diz que chegou a hora de Maria Stuart se vingar de Isabel I levando a segunda do nome a passar de rainha de vasto Império a rainha de um relativamente pequeno reino em vias de possível desmembramento. Contudo, a secessão escocesa carece da realização de um referendo que aponte no sentido da separação relativamente ao Reino Unido e esse acto referendário carece da absolutamente improvável aprovação por parte do primeiro ministro britânico. E isto significa que o referendo se fará sem respeito por esse requisito legal de lógica absurda ou, cumprindo-se a Lei em vigor, a independência escocesa «perde na secretaria».
Quanto ao resto, diz-se que ficou tudo resolvido com o tal acordo do Brexit civilizado. Mas se esse acordo se revelar ineficaz, resta sempre a possibilidade de o Reino Unido regressar à EFTA (por si próprio fundada quando De Gaulle vetou a adesão britânica à então CEE) e, por essa via, passar a integrar o Espaço Económico Europeu[1] que corresponde à zona de comércio livre de toda a Europa com excepção da Suíça[2]. E assim se dissolverá o problema comercial entre as duas Irlandas.
E eu não sou Cristóvão Colombo.
Dezembro de 2019
Henrique Salles da Fonseca
[1] - https://pt.wikipedia.org/wiki/Espa%C3%A7o_Econ%C3%B3mico_Europeu
[2] - Não estranhe o leitor esta excepção pois a Suíça é sede da ONU, organização a que não pertence.