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A bem da Nação

O FIM À VISTA … OU NÃO

«ACABARAM-SE PAPAS E BOLOS»

 

Mais uma página de antologia de um homem corajoso – Henrique Salles da Fonseca –  historiando os factos da nossa experiência de oito lustros, sujeitos aos engodos de uns quantos – 202 - (reminiscências literatas do número dos Campos Elíseos onde morou Jacinto de Tormes) - no mural de José Pacheco Pereira, publicado no Público de 19 de Abril sob o título “Os rostos dos anos da brasa” - os tais sabidões que foram proliferando em proveito próprio atirando papas e bolos aos tolos para, espertos que eram, piedosamente se locupletarem à mesa do rei.

 

Desfeita a mesa, já não há papas para ninguém, Salles da Fonseca o explica, com citações de “envergadura” – reveladoras de mentalidades de envergadura – daí, uma dessas ter chegado a cardeal. Mas na sua indignação, Salles da Fonseca revela uma certa falha conclusiva: a crença em “homens de bem” que restam para dirigir a “Barca”. É que, mesmo que os houvesse, os condicionalismos impostos pelos 202 (já acrescidos de muitos múltiplos) seriam tais e tantos que dificilmente poriam solução na crise. Mas há sempre um Ideal para os homens de bem, mesmo que não seja de cariz romântico como o seguinte, de António Feijó, que Salles da Fonseca não deixará de ler ou de reler com prazer, neste 25 de Abril:

 

 

Ideal

 

Onde moras? Onde moras?

Se adivinhasse onde moras
Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela,
Veria passar as horas,

As minhas últimas horas.
Sem ti a vida que importa?
A vida, nem penso nela...
Veria passar as horas,

As minhas últimas horas,
Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela...

Onde moras? Onde moras?

É num castelo roqueiro?

Se é num castelo roqueiro,
Erguido na penedia,

Sobre o rochedo mais alto
À beira-mar sobranceiro,
Com a minha fantasia

Irei tomá-lo de assalto,
Esse castelo roqueiro,
Erguido na penedia,

Sobre o rochedo mais alto,
À beira-mar sobranceiro...


É nos abismos do mar?

Se é nos abismos do mar,
Sob a múrmura corrente,
No teu leito de amaranto

Irei também descansar,
Ficando perpetuamente
Naquele perpétuo encanto
Do Rei Hárald Horfagar...
No teu leito de amaranto
Irei também descansar,
Naquele perpétuo encanto
Do Rei Hárald Horfagar.

É numa estrela, ilha de ouro?

Se é numa estrela, ilha de ouro,
- A Via-Láctea é uma ponte,
Subirei por ela ao céu...

Para achar o meu tesouro

Não há remoto horizonte,

Nem Sagitário ou Perseu...

 

Onde moras? Onde moras?

Se adivinhasse onde moras

- Em frente da tua porta,
Olhando a tua janela,

Veria passar as horas,

As minhas últimas horas.
Sem ti a vida que importa?
A vida, nem penso nela...
Veria passar as horas,

As minhas últimas horas,
Em frente da tua porta,

Olhando a tua janela
Numa extasiada emoção.
Dize-me pois onde moras,
Se porventura não moras
Dentro do meu coração...

 

 

 Berta Brás

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