O DITO, O MODO E QUEM
Quem se rege por ideais e dispensa cargos, gere a palavra com a independência que os gestores da circunstância não alcançam.
É fácil o acréscimo de valor quando nos movemos entre parâmetros doutrinários; difícil será acertar um rumo quando se tem uma bússola desmagnetizada. Por isso houve quem certa vez dissesse que sabia o que queria e para onde ia e assim rumasse durante mais de 40 anos sem que os daquela circunstância lhe quisessem mexer[1].
Os ideais devem, contudo, ser pontos no infinito havendo que rumar no seu sentido através de políticas (ditos) humanistas de modo que seja o ideal a servir a pessoa. A rigidez idealista inferniza a circunstância. Daí, o dito (a política) dever ser maleável.
À convivência de vários ideais (e várias propostas de ditos) se chama democracia; o trânsito de meras circunstâncias é quântico e historicamente se conclui com alguém a pôr ordem na confusão. Quis por vezes o Altíssimo que esse ordenante tivesse ideais e que estes fossem benignos; outras vezes, não.
O modo não é indiferente para a qualidade do dito e à rigidez deste se chama ditadura.
Mais vale, pois, que o sistema se ordene por ideais geridos com maleabilidade e por quem tenha de seu e, daí, desapego dos cargos. Assim não sendo, aportamos a África.
Henrique Salles da Fonseca
[1] - No Governo da Ditadura Militar não deram a Salazar as condições que ele considerava necessárias para exercer o cargo de Ministro das Finanças, demitiu.se e tiveram que ir busca-lo de novo a Coimbra para o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, Aí, foi ele próprio que definiu as condições.