O DEBATE PAROQUIAL
Assisti ao debate. Tenho as minhas ideias sobre o que vou fazer no próximo dia 4.
Aparentemente, a vertente externa não interessa nem aos candidatos a futuros governantes, nem aos entrevistadores. Com efeito, estamos perante um fenómeno deveras curioso. Sem prejuízo do impacto na nossa vida, sobretudo de um país aberto ao exterior, além disso de uma extrema vulnerabilidade, não se mencionou uma só vez as relevantes influências que nos chegam de fora para dentro, designadamente as seguintes:
- A tragédia grega, que ainda vai na fase inicial e que, em caso de desastre, aliás mais do que provável, as ameaças pendentes para Portugal são enormes (estamos na linha da frente);
- A provável implosão do Euro e da própria União Europeia;
- A recessão nos BRIC’s, designadamente o rebentar da “bolha” financeira chinesa e as suas repercussões na economia mundial;
- O problema dos refugiados e dos migrantes que nos vem bater à porta;
- A expansão do Estado Islâmico (sabendo-se, concreta e especificamente, que os respectivos dirigentes planeiam em 2020 "reconquistar" a Península Ibérica - "bluff", simples brincadeira ou algo porventura mais sério?) e como contrariá-la;
- A guerra na Ucrânia que pode degenerar de um momento para o outro;
- As eleições em vários países europeus, maxime na Grécia e em Espanha.
Resumindo, o mundo à nossa volta não existe, nem jamais existiu. Resta-nos olhar para o umbigo e saber se vamos ou não pagar mais impostos e se há ou não plafonamento horizontal ou vertical.
Vivemos autisticamente num quarto de brinquedos, perdido num sótão esconso, com que nos entretemos diariamente, desconhecendo o que está para além da porta.
Tratou-se, pois, de um debate paroquial, completamente fora da realidade do mundo em que vivemos. Mas isto é Portugal no seu esplendor ou, se quiserem, o esplendor de Portugal!
Não peçam para fazer mais comentários e muito menos a minha opinião sobre o vencedor e vencido: perdemos todos e, a prazo, ainda mais vamos perder!