O ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 – 8
Qualquer crítica – e qualquer defesa – que se baseie sobretudo em chamar nomes aos defensores e aos críticos, não é crítica nem defesa: é mero desabafo, auto- regozijo pela certeza que transborda da alma de cada um. Não vale nada.
Por isso não me atrevo a ser contra a adopção do Acordo Ortográfico de 1990 sem
apresentar as razões em que me baseio.
Os argumentos que se seguem são de ordem operatória, fonológica, morfológica, de linguística histórica, sociológica, diplomática, económica e de preservação histórica.
Há mais, porém fico por aqui.
- Argumento económico
O que será economicamente mais recomendável?
- Adoptar como obrigatório o AO 90 em nome de futuras vendas de futuros livros, eliminando as bibliotecas existentes?
ou
- Manter a escrita de 1945, com todo o enorme acervo literário e científico que produziu?
Leiamos as palavras da escritora moçambicana Paulina Chiziene:
“Quantos dicionários Moçambique terá de comprar de novo?
Quantos livros terá de mandar reescrever?
Quantos livros de escola terão de ser refeitos, em nome de um acordo ortográfico?
Será que vale a pena sacrificar tanto dinheiro dos pobres só para tirar um “c” e um “p” do que está escrito?
[...]
Penso que é um capricho tão desnecessário quanto caro”.
in Jornal Público, 19.01.2013. Retomado em
https://ciberduvidas.iscteiul.pt/artigos/categorias/acordo/afalsa‐unidade‐ortografica/2772
(continua)
Manuela Barros Ferreira
Campo Arqueológico de Mértola