NÓS, OS FILHOS DOS VENTOS CÁLIDOS – 9
Assentes na democracia pluripartidária, foi tempo de descansar.
Sim? Não, é claro!
Acabara o tempo hard, da traulitada; começavam os tempos da discussão sobre o que cada um entendia acerca do bem comum.
Era o tempo dos fundadores - Mário Soares, Francisco Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa.
E os outros? Os outros ou não eram democratas ou não «davam uma para a caixa», não entram no grupo dos que fizeram doutrina.
Excluído o absurdo, as alternativas de bem comum que se perfilaram no arco democrático foram o socialismo apresentado pelo PS, a social democracia apresentada pelo PPD (que mais tarde se passaria a chamar PSD) e a democracia cristã apresentada pelo CDS. De notar que todas estas alternativas apresentavam pontos comuns que passaram a constituir a base mais alargada das grandes opções políticas nacionais. Refiro-me ao pluripartidarismo, à subordinação das Forças Armadas em relação ao poder legislativo, à independência do Poder Judicial relativamente aos demais órgãos de soberania, à opção europeia.
Eis como, excluindo casos de lógica perturbada, a minha geração em Portugal optou livremente por um modelo que reservava para a propriedade pública os sectores estratégicos (o do PS), alargava praticamente toda a propriedade ao privado ressarcindo o interesse público pela forte tributação (o modelo social democrata do PPD-PSD) e o modelo da economia social de mercado (o do CDS) com a democratização do acesso dos privados aos meios de produção.
E foi essa a discussão que se seguiu?
Bem… talvez tenha sido um pouco diferente mas não me apetece concluir este texto em lágrimas e não vejo motivos para a alternativa alacre.
Fico-me hoje por aqui e vou ver como hei-de retomar o fio da História amanhã.
(continua)
Henrique Salles da Fonseca