NÓS, OS FILHOS DOS VENTOS CÁLIDOS – 11
Depois de tanta manipulação de opiniões e de tantos actos sujeitos à investigação policial, a questão agora é a de saber como se pode confiar num político profissional. E a resposta é:
- Não pode!
Culpemos o pós-modernismo, o agnosticismo, o hedonismo, o que cada um por aí mais encontrar nas prateleiras da erudição mas não se esqueça o Caro Leitor de também apontar o dedo à ganância dos gatunos.
Contudo, eu creio que a maioria da classe política é constituída por gente honrada mas basta uma nódoa para podermos dizer que o pano está sujo. E quando a comunicação social empola as notícias, nós, os eleitores consumidores da informação, somos induzidos à generalização da tragédia da corrupção e para nos convencermos de que político é corrupto por definição e que político sério é excepção. E não faltam aqueles imbecis proto-gatunos (ou amigos de gatunos encartados) a dizer estupidezes tão horríveis como «Ele rouba mas faz obra, voto nele». E quem diz uma barbaridade destas, continua a não ter o seu direito ao voto sacado sine die por incrível que pareça.
Assim, se eu estou pessoalmente convencido da honradez da generalidade dos políticos, o Sr. Zé da Rua que vê telejornais, garante a pés juntos que a realidade é negativa. E o meu frio positivismo derrete-se perante o calor da refrega contra o establishment. O que eu penso não interessa; o que interessa é a opinião do Sr. Zé da Rua.
Estará alguém por trás da comunicação social a manipular a informação para que o eleitor seja conduzido ao descrédito no sistema democrático?
Estará alguém por trás de não sei que bastidores a manipular não sei o quê para que a liberdade da imprensa seja questionada?
Estará alguém a tentar convencer-nos de que não temos maturidade para nos governarmos soberanamente pois somos uma corja de gatunos?
Meditemos…
(continua)
Junho de 2019
Henrique Salles da Fonseca