NIKYAS SKAPINAKIS
Português de ascendência grega, nasceu em Lisboa em 1931 e morreu ontem, 26 de Agosto de 2020, também em Lisboa.
Seria muita presunção minha vir aqui apresenta-lo – é suficientemente conhecido para que careça de apresentações e fica seguramente na Galeria da Cultura Portuguesa como o artista que procurava a essência das coisas pela pureza da pintura. A epifania das coisas através da pintura à semelhança de James Joyce e a epifania dos lugares através da escrita. A epifania joyceana e – proponho agora – a epifania skapinakiana.
Professor na década de 50 do século XX no liceu francês de Lisboa, tive-o como mestre de pintura durante um ou dois semestres. Teríamos, os meus colegas e eu, cerca de 14-15 anos mas ficou nas nossas memórias e ontem mesmo recebi alguns contactos a referirem a sua morte.
Alto, magro, dando-se naturalmente ao respeito, ensinava sobretudo as técnicas da pintura. O dom artístico não se ensina - ou se tem ou não. E da nossa classe mista não saiu nenhum Van Gogh nem nenhuma Joséfa de Óbidos. Mas todos ficámos a saber distinguir as boas pinturas das outras.
Morando na zona da Estrela, cruzávamo-nos de vez em quando e até se deu o caso de nos termos encontrado a tomar café ao balcão da «Cristal». E, cumprimentando-o, disse-lhe que fora meu professor havia então já mais de 50 anos. Obviamente, não me reconheceu mas fingiu e isso apenas confirmou que era muito civilizado.
Daqui sugiro à Câmara de Lisboa que dê o seu nome a uma rua ou parque da cidade.
A Wikipédia apresenta-o bastante bem.
27 de Agosto de 2020
Henrique Salles da Fonseca