NIETZSCHE E O NAZISMO
«O nihilismo alemão deseja destruir a civilização moderna porque esta tem um significado moral.»
Leo Strauss (1899, Alemanha – 1973, EUA)
In «Nihilisme et politique», Éditions Payot & Rivages, 2004, pág. 36
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No tempo, localizo a afirmação supra num ensaio que o Autor escreveu em 1941.
Assim sendo, o alvo do nihilismo alemão foi a moral e a vítima foi a civilização moderna.
Tendo o nihilismo alemão como parte da deturpação nazi da filosofia nietzschiana e por civilização moderna como a que foi prejudicada pela prática nazi, fácil é concluir que o nazismo era intrinsecamente imoral (se não mesmo amoral), característica esta em que se enquadrou a intencional deturpação de diversos conceitos de Friedrich Nietzsche (1844-1900).
Desta deturpação foi igualmente vítima o conceito de «Übermensh», o indivíduo mais culto, justo e honesto que os nazis transformaram em atlético, belo, patriota e bravo, o super homem que representava a superioridade da raça alemã.
1ª CONCLUSÃO – Nietzsche não foi inspirador do nazismo mas sim sua vítima.
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Momento histórico – a patrocinadora da deturpação foi elisabeth Foster-Nietzsche (1846-1935), a irmã de Friedrich Nietzsche que lhe sobreviveu longos 35 anos, ela, sim, nazi (a cujo velório compareceu Hitler). Quando começou a ascensão nazi já o filósofo era há muito tempo defunto.
2ª CONCLUSÃO - Os teólogos de todas as religiões podem não gostar (e não gostam, mesmo!) de Nietzsche por causa da sua célebre frase «Deus está morto» (in «A Gaia Ciência») e, naturalmente, por causa de toda a filosofia envolvente dessa frase mas os historiadores e outros amigos da verdade têm que desligar definitivamente Nietzsche do nazismo, aberração que ele nunca conheceu.
Outubro de 2021
Henrique Salles da Fonseca