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A bem da Nação

NATAL

N. Senhora e Jesus.jpg

 

 Época difícil, esta. Mexe com a consciência.

 

Por dever de etiqueta, as pessoas sentem-se obrigadas a mandar mensagens (dantes eram bilhetes postais) enfeitadas com estrelinhas, papais Noel ou pai Natal, árvores com presentes e bolinhas coloridas penduradas e outras alegorias próprias. Próprias?

 

Afinal o que é próprio do Natal?

 

Celebrar o nascimento do Menino que, feito Homem, nos veio dizer para nos amarmos uns aos outros, que cuidássemos dos desfavorecidos, dos doentes, dos idosos e que cuidássemos também da natureza para que pudéssemos viver mais felizes e a entregássemos pura aos vindouros.

 

E o que fazemos nós?

 

Alguns vão à Missa do Galo, a maioria procura juntar parte da família, quando possível, porque hoje as famílias estão dispersas pelo mundo e porque, apesar de muitos nascerem, outros já foram, e acabamos por contar mais aqueles que nos faltam do que os novos que vão chegando.

 

Enchemos a barriga de peru ou bacalhau, bebemos o que de melhor temos à mão e desejamos que o próximo ano nos traga a Fada Madrinha para resolver TODOS os problemas, que muitas das vezes nós vamos adiando à espera... à espera de quê?

 

E ainda entregamos presentes uns aos outros, os ricos dão Ferrraris e os pobres uma lembrancinha do tamanho das suas posses, quando alguma têm.

 

Com esta análise simplista quer parecer que fazemos exactamente o oposto daquilo que, aparentemente, deveria ser o Espírito do Natal.

 

Numa mensagem de anos anteriores lembrava que o Natal é uma época dolorosa e que custa ver a “obrigação” de saudar os amigos que afinal estão, permanentemente, mesmo longe da vista, nos nossos corações.

 

Tenho saudades das ceias de Natal que passámos com os filhos ainda pequenos junto com os centos de garotos sem família na Casa dos Rapazes, em Luanda e depois na Casa do Gaiato em Lourenço Marques.

 

O Natal ali era sentido mais verdadeiro, porque mais simples, e porque a alegria reinava estampada nas caras daquela pequenada com a humilde festa que se fazia.

 

É evidente que a todos, amigos e até inimigos, se tiver, não vou desejar que tenham Boas Festas, mas sim um Natal Santo, que a Paz do Menino entre cada vez mais fundo no coração de todos.

 

E muito presente, sem sair do coração, penso nas crianças e adultos de Aleppo, das garotas roubadas na Nigéria, das famílias cristãs e não cristãs a serem dizimadas na Síria e Iraque, nos curdos até hoje humilhados pelas potências vizinhas e que lutam pelas suas vidas, cultura e dignidade, e por todos os que sofrem a injustiça e prepotência dos homens.

 

Não mandarei um abraço mais forte para os amigos. Estaria a desconsiderar os outros.

 

Nesta época é quando penso mais naqueles que, podendo, não são amigos.

 

Mas que todos recebam em seus espíritos o Abraço da Paz, e sobretudo que lutem muito para que esse abraço abrace o mundo.

 

15/dez/2016

FGA-2OUT15.jpg

Francisco Gomes de Amorim

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