MUITAS E DESVAIRADAS GENTES – 15
Foi preciso chegar perto de Margão para ver o sorriso mais bonito que alguma vez vi em toda a Ásia. E quem é a dona desse sorriso? Pois muito bem, é a minha amiga Margarida Távora e Costa, mais conhecida por Margarida Nostalgia, que tem um restaurante às portas de Margão. Não hesitei em trocar as voltas à Agência de Viagens que nos queria mandar não sei para onde e impus um almoço no restaurante da Margarida.
Henrique, Margarida e Pepe Damas Mora
Recebidos principescamente, tivemos a Margarida sentada à nossa mesa e a conversa fluiu tão agradavelmente que ficámos com pena de serem horas de continuar viagem. Mas o que tem que ser tem muita força e aí vamos nós a caminho de Margão.
São estes verdadeiros heróis da lusofonia que me comovem e me inspiram para que me dedique cada vez mais intensamente a esta causa, a de trazer os «portugueses abandonados» ao convívio com o Portugal pós colonial. E quem são eles? Pois são todos aqueles cujos antepassados, algures no mundo e algures na História, foram administrados por Portugal e que ficaram nas suas terras quando as vicissitudes da História nos obrigaram a deixá-los por lá, abandonados. E, rodeados de hostilidade ou, pelos menos, de desdenhosa indiferença, eles ficaram nas suas terras defendendo os valores que lhes legámos, língua, religião e nostalgia de uma Pátria longínqua que continuam a venerar.
E que fazemos nós por eles? Pouco, muito pouco.
Aceito companhia nesta missão. Venham ideias, estabeleçam contactos, sejam positivos, atirem as desgraças para trás das costas, olhem para o futuro com esperança e não se esqueçam da frase de Gandhi: «You must become the change you want to see».
Lisboa, 13 de Dezembro de 2015
Henrique Salles da Fonseca
(no Forte Aguada, Goa)