MOMENTOS ESPECIAIS – 2
Tanto por cá como lá por fora, já dei por mim inúmeras vezes a caminhar solenemente sobre solo augusto. Mas houve momentos que me ficaram especialmente gravados. Por exemplo, quando visitei Velha Goa, tive a sensação de que Afonso de Albuquerque e S. Francisco Xavier «andavam» por ali; em Malta, os corredores do palácio dos Grão-mestres de que realço os portugueses que deixaram memória bem viva na história da Ordem (e da ilha-país), D. Frei António Manoel de Vilhena (1663-1736) e D. Frei Manuel Pinto da Fonseca (1681-1773), ambos sepultados na Igreja de S. João, em Valleta, mas fazendo sentir a sua «presença» sobretudo quando observamos os respectivos retratos de imponência a condizer com a obra que cada um por lá deixou [1].
E continuando lá por fora, o momento mais especial que até hoje senti foi quando entrei no teatro de Efeso e o nosso guia, apontando para o terreiro lajeado que fora o palco, nos disse – Foi dali que o vosso S. Paulo falou aos efésios. E eu não descansei enquanto não desci até ao palco e caminhei sobre aquelas mesmas lajes de que S. Paulo falara aos ímpios. E, sem dar espectáculo, por ali caminhei com toda a solenidade. Pena é que não tenha então já tido quem me fotografasse pois o meu grupo já ia lá mais à frente para ver uma pantomima qualquer que representava uma cena entre os romanos e Diana, deusa principal da Efeso pagã.
Seria lógico que então me lembrasse da «Epístola de S. Paulo aos efésios» mas, afinal, foi das cartas que o Santo endereçou aos Coríntios que me lembrei. Grande confusão! E foi andando sobre aquelas lajes que recordei a expressão de S. Paulo que é a base de toda a fé cristã: - Se Cristo não ressuscitou, então é vã a nossa fé.
Eis como paulatinamente me encaminhei para a pantomima onde todo o grupo, sem desespero, me esperava.
Julho de 2015
Henrique Salles da Fonseca
[1] - http://www.ordemdemalta.pt/grao-mestres-portugueses.html