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A bem da Nação

MOÇAMBIQUE REVISITADO – 12

Check out parcial do Polana porque deixávamos lá guardada a bagagem de que não precisaríamos no Bazaruto onde passaríamos a semana seguinte. O bastão mágico ficava, eu não tencionava exibir qualquer poder ou exercer qualquer magia.

Bimotor a hélices para cerca de uma dúzia de passageiros mais uma tripulação de piloto (sul africano preto), co-piloto (misto moçambicano), hospedeira (branca loira sul africana) e respectiva adjunta (preta moçambicana). Só me lembro de que era uma empresa associada da LAM em parceria com uma outra transportadora aérea sul africana. A hospedeira instalou-se no lugar mais ao fundo da cabine e copiou-me nas funções que exerci a bordo: pus o cinto de segurança, olhei a paisagem que passava por baixo de nós e vi o piloto, o co-piloto e a adjunta da hospedeira a trabalhar. O nosso vôo foi de uma hora de Maputo a Vilanculo (no antigamente, Vilanculos, no plural, mas depois da independência, talvez num ensaio de austeridade, puseram o nome da cidade no singular). Depois de nos deixar, o avião seguiria para a Beira e daí para Joanesburgo e Maputo fechando o circuito. Viagem sem nada a assinalar e o piloto a fazer-se à aterragem como eu gosto, com os motores bem activos e não a pairar como as folhas no Outono.

No aeródromo – pintado de fresco – aguardava-nos o transfer para a povoação próxima, Mucoque (onde nascera uma cunhada minha quando o pai dela administrava esse posto), para aí tomarmos um barco típico da pesca ao espadarte que nos levaria até uma ilha ali bem à nossa frente, a uma trintena de quilómetros.

É em Mucoque que se localiza o Hotel Don’Ana, famoso pelo molho à base de piri-piri que a tal Dom’Ana fazia no antigamente. Foi nesse hotel que fiquei instalado mais de 30 anos antes quando fiz parte duma Junta de Recrutamento Militar em toda a zona a sul do Save. Foi daí que avistei pela primeira vez as então chamadas Ilhas do Paraíso que os independentistas rebaptizaram de Arquipélago do Bazaruto - muito nacionalista, muito cultural mas nada romântico. Temendo essa mesma onda estética, não apurei qual o actual nome da Ilha de Santa Carolina e só espero que não a tenham rebaptizado com tanta fealdade sonora como a ilha para que nos dirigíamos agora, Benguerra.

É na antiga ilha de Santa Carolina que se localiza o hotel do grupo Pestana para que tínhamos inicialmente assestado o azimute mas um ciclone que nos antecedeu, inviabilizou a nossa pretensão. Fomos para a ilha ali ao lado, para um empreendimento hoteleiro sul africano também ele dedicado ao big game fishing denominado Marlin Lodge.

Marlin Lodge, Bazaruto, Moçambique.png

Desembarque por encalhe do barco na praia mesmo em frente da recepção do hotel, salto por cima da borda do barco e «arenagem» (em pé, de preferência) na areia com água por meio da canela. Como se imagina, é conveniente ter-se alguma mobilidade física para se conseguir desembarcar e não ter que regressar ao continente onde, aí sim, há uma escada de pedra a que o barco encosta.

O Marlin Lodge é todo em madeira (construção pré-fabricada?) e desenvolve-se num só piso para que se sobe directamente da areia da praia por escadas largas de 3 ou 4 degraus. Nessa zona de entrada localiza-se a recepção propriamente dita, uma ampla sala de estar, a casa de jantar e a cozinha e respectivos anexos. Aos quartos acede-se por um passadiço em madeira e cordame que se desenvolve ao nível das copas das árvores pelo que nos sentimos primos da macacada. Cada quarto é uma cabana com telhado de colmo, paredes em caniço por onde passa uma mão vertical, uma casa de banho muito melhor do que a que coube em sorte a Robinson Crusoe, uma cama amplíssima com rede mosquiteira. A sala de estar é um varandim com duas cadeiras muito confortáveis, cada uma com sua mesa de apoio. O «jardim» fronteiro é uma praia para que se desce por uma dúzia de degraus rústicos de areia sustida por tábuas, tudo rodeado por vegetação que isola cada cabana das que lhe estejam próximas. A água, a uma vintena de metros na maré cheia, tem manatins e outros animais exóticos mas consta que só bicharada pacífica. Pode-se nadar à vontade sem temer o «dentuças».

Instalados, foi-nos sugerido que ao jantar nos apresentássemos em smart casual dress code. Of course, a Graça e eu não estamos habituados a jantar de fato de banho, nem mesmo quando estamos sozinhos na casa da praia.

E a certa altura começou um batuque como há mais de 30 anos eu não ouvia…

Amanhã há mais, boa noite!

Agosto de 2019

Henrique Salles da Fonseca

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