MERDEKA – 9
Foi há quase 50 anos que uma amiga me disse «Oh Henrique, Bali é o verdadeiro paraíso na Terra!». E eu disse a mim mesmo que não haveria de ir para o Paraíso celestial sem antes visitar o paraíso terreno. E fui!
À semelhança do que sucede com o Paraíso celestial, a Bali também se chega pelo ar mas, neste caso, num voo comercial, de preferência vestido à moda dos turistas e não numa nuvem envergando uma túnica branca com direito a auréola nem asindo uma lira das de oito cordas. Diferenças menores, portanto…
Chegados ao paraíso, fomos de imediato levados para o hotel e logo à entrada fiquei boquiaberto com a grandeza, a beleza, o requinte. Lembrei-me de que Luís XIV haveria de gostar. E, já que me lembrei dele, então fiquei «bouche bée».
Lobby do hotel Ayodya, em Bali
Sala para apresentações de dança balinesa no hotel Ayodya
Gostei de constatar que o paraíso é luxuoso e não austero como os puritanos apregoam.
No dia seguinte fomos logo de manhã levados a ver um espectáculo de teatro dançado e quase nada falado. Ainda bem que não se esforçaram muito com as falas e respectivas «deixas» pois nós, a multidão de espectadores, não haveríamos de perceber patavina. Com a mímica percebemos tudo, ou seja, a eterna quezília entre o bem e o mal e a tentativa de estabelecer um certo equilíbrio entre o caos e a ordem.
Contando com um dos espectáculos de mímica mas fabulosos que alguma vez vi, em Cochim (com tema muito semelhante, aliás), este também mereceu todos os aplausos que lhe demos no final. E qual não foi a nossa agradável surpresa quando ao jantar desse mesmo dia tivemos um espectáculo-resumo privativo no teatro do nosso hotel com direito a confraternização com o elenco. Mas este espectáculo privativo teve a participação de um coro que não actuara de manhã e que viemos a saber constituir, por si próprio, um ex-libris da cultura balinesa. Trata-se do Kecak Dance e não resisto a ir ao YouTube buscar um vídeo para que os meus leitores também possam apreciar algo muito diferente do que estamos habituados:
https://www.youtube.com/watch?v=t0HY0oD84OM
Sugiro que saltem o discurso introdutório, que passem directamente para a actuação do coro e sigam por aí fora…
(continua)
Henrique Salles da Fonseca
(com as «boazinhas» do teatro-dança e com o «malandreco»)