MERDEKA – 11
O último dia da nossa presença em Bali foi livre de programas pré-estabelecidos pelo que cada um fez o que muito bem lhe apeteceu. A todos apeteceu praia de manhã, almoço no hotel e piscina à tarde. Eu aproveitei a folga de compromissos para fazer uma «massage». E não fique o leitor a pensar em coisas especiais porque o que eu queria – e tive – foi uma massagem dos joelhos para baixo pois andam os artelhos a doer-me sempre que ando um pouco mais do que eles, artelhos, querem que eu ande. E o resultado foi o de ter ficado com os sapatos a dançar nos pés (a activação da circulação de retorno foi eficaz) mas quanto à dor nos artelhos com o forçar da andadura… vou ali e já venho. Talvez que se perder uns quilitos, a «coisa» melhore. A ver…
Esta coxeira é para ser solidário com a minha égua «Lola» que a dormir deu um jeito tal na perna direita que esteve coxa durante quase 15 dias. Ela já está boa, eu não.
Regressando a Bali e à praia do hotel, reconheço que é muito boa mas quem, como eu, está habituado à praia do Barril, em Tavira, fica com a certeza de que a motivação «praística» não justifica que um português voe meio planeta. Mas fomos lá por todos os motivos que já constam destas crónicas e que justificaram plenamente a viagem.
Só que, se houvesse menos azáfama por todo o lado em que andámos e se não houvesse engarrafamentos de trânsito, eu admitiria que ali fosse o paraíso mas… foi-o por certo há 50 anos como disse a minha amiga. Hoje, tem uma gente encantadora, paisagens muito bonitas, oferece qualidade de vida. Mas eu creio que o paraíso exige algo mais que não sei ao certo definir.
Foi, entretanto, hora de jantar cedo para irmos apanhar o avião que nos levaria ao Dubai seguido de outro que nos levaria a Lisboa. Voos sem história, tudo normal. No ar, não sentimos mais um tremor de terra que ocorreu numa ilha indonésia mais perto de Bali do que os anteriores e seus tsunamis. Foi já no Dubai que soubemos disso.
Para fechar estas croniquetas, uma nota de pé de página sobre o que me passa pela cabeça quando sobrevoo o Norte de África.
De cá para lá (Lisboa-Dubai), sobre Cartago, sempre me lembro de Aníbal e, quando chegamos à Argélia, lembro-me sempre de Santo Agostinho, da sua célebre frase «não basta fazer coisas boas - é preciso fazê-las bem» e da sua Hipona que hoje se chama Annaba (que também sobrevoamos).
Annaba, a ex-Hipona de Santo Agostinho
Mas de lá para cá, precisamente o mesmo percurso mas em sentido inverso, lembro-me sempre de Manuel Teixeira Gomes. Porquê? Aqui deixo a sugestão de estudo para quem me lê.
E por aqui me fico com estes mistérios das circunvoluções cerebrais que para lá me fazem lembrar de uns e para cá de outro.
Et ita concludit trinus
Henrique Salles da Fonseca
(Java, Candi Mendut, junto à única estátua de Buda sentado à moda ocidental)