MERDEKA – 10
Antes que me esqueça, uma nota muito positiva à qualidade do piso das estradas principais, secundárias e mesmo rurais (ou quase vicinais) por que andámos tanto em Java como em Bali. Nas muitas centenas de quilómetros que percorremos, não sentimos um único solavanco.
Os meus leitores desculparão que eu passe por cima do passeio de elefante já que esse simpático trombudo não é típico de Bali; os antepassados da “Gigi” que montei vieram de Samatra onde, aí sim, são indígenas. Também não vou dar grande relevo à visita que fizemos ao vulcão Batur à vista de cuja cratera almoçámos sempre com um olho alerta para qualquer fumarola que aparecesse. Não apareceu. Os tremores de terra e tsunamis que aconteceram durante a nossa visita à Indonésia ocorreram no arquipélago das Celebes que dista de Bali tanto ou mais do que Berlim em relação a Lisboa.
Mas não passo por cima de uma outra visita que efectuámos com alguma solenidade ao templo hindu da fonte sagrada «Tirta Empul» a cujas águas são atribuídos efeitos de rejuvenescimento eterno. E porquê solenidade? Porque andava por lá quem acredita nessas qualidades sobrenaturais e uma das minhas características é a de nunca bulir com a fé alheia.
Houve aqui um companheiro de viagem que teve a gentileza de chamar a minha atenção para a juventude que acorre ao santuário e, de facto, os únicos adiantados nas respectivas idades eramos nós próprios, os forasteiros.
Que fiquem eternamente jovens, é o que lhes desejo. Nós, os anosos, não acreditamos que os poderes daquelas águas consigam tirar-nos os anos por que já passámos e, portanto, cumprimos a exigência de envergar o sarong mas não nos banhámos.
(continua)
Henrique Salles da Fonseca