MAUS, OS QUE FICÁMOS...
...E BONS, OS QUE EMIGRARAM?
Há por aí quem diga que os bons portugueses emigram e que por cá só ficam os que não prestam.
Então, ocorre-me perguntar por que se emigra. Porque não se tem um modo de vida cá dentro que corresponda às expectativas.
E por que é que as expectativas excedem as condições internas e só se adaptam lá fora? Uma das razões é porque cá dentro estamos atulhados de licenciados em cursos que não servem para nada e lá fora esses licenciados em «gato por lebre» não se importam de lavar pratos ou desentupir esgotos enquanto cá dentro exigem o sábio estatuto de «Dr», «Mestre» ou até mesmo de «Doutor»; outra das razões é porque estamos atulhados de trolhas e esses faltam lá fora. E mais razões há...
E nós, os que cá ficámos, podemos ser considerados em várias categorias:
- Os que encontrámos um modo de vida correspondente às nossas expectativas;
- Os herdados e mandantes;
- Os que andaram por fora e voltaram;
- Os estrangeiros que tomaram Portugal como país de acolhimento;
- Os inaptos, os gatunos e outros «artistas» que tais...
Ah! Já me ia esquecendo dos políticos que o leitor arrumará na categoria que melhor considerar aplicável, com excepção da dos estrangeiros, claro.
Portanto, antes de chegarmos aos últimos da tabela, os que mais denigrem o nome de Portugal, temos todos os anteriores e, dentre eles, muitos de grande valimento e seriedade.
É claro que a emigração poderia ser menor se se escolhesse a instrução em função das reais necessidades do mercado nacional de trabalho e se o empreendedorismo fosse mais incentivado em substituição do tradicional objectivo de «fazer funcionários».
Dos que andaram por fora e regressaram, muitos já vêm aposentados o mesmo acontecendo com tantos estrangeiros que escolheram Portugal para gozarem a reforma sem as agruras climáticas típicas dos seus países.
Mas o mais importante que nos cumpre reconhecer é que Portugal é a «casa natural» de TODOS os que falam português e, portanto, pode e deve ser um refúgio de toda a lusofonia. Venham todos pois o dia da plurinacionalidade lusófona chegará.
Logo, os que cá estamos não somos os maus porque os bons emigraram. Não, nós somos bons, maus e assim-assim. Ou não fôramos uma sociedade humana e não de espíritos divinos irrepreensíveis.
Sim, bem sabemos que vagueia por aí um ou outro pecadilho… Mas daí a dizer que isto é tudo uma choldra, vai uma galáxia de distância.
Henrique Salles da Fonseca