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A bem da Nação

MAS QUE LINDO SORRISO!

 

 

 

 

Uma cárie bem evidente ou a falta de um dente dão um ar horrível a qualquer pessoa. A saúde oral pode ter uma influência muito grande na boa disposição e, em contraponto, uma boca com problemas não faz ninguém feliz.

 

Em boa hora Portugal se encheu de dentistas e os portugueses deixaram de ter motivos para se desleixarem com a beleza do sorriso. É pelo radioso sorriso estampado na cara de toda gente que se vê como os portugueses andam satisfeitos.

 

No que me diz respeito, tenho a informar que herdei maus dentes e que desde muito novo cirando pelos dentistas.

 

Estava eu certa vez a preparar uma reunião profissional muito importante para o dia seguinte quando um dente da frente – daqueles que já tinha visto muito melhores dias e pedia recauchutagem há muito tempo – não resiste a uma dentada mais voluntariosa e se parte por completo. E na véspera de uma reunião com gente que não me conhecia de lado nenhum, ali estava eu com um buraco negro a denunciar desmazelo bocal.

 

E vá de procurar quem de imediato me repusesse o aspecto. Encontrado, lá fui ao consultório e, como é habitual, pediram-me a identificação com nome, morada, telefones e profissão. E logo ali na recepção me começa a empregada a encher de salamaleques com “Senhor Doutor para a direita e Senhor Doutor para a esquerda” e eu a achar que aquilo trazia água no bico. Quando entrei para o gabinete do médico logo ele me manda expor a mazela e eis que profere uma frase que me tem saído cara: - Oh Senhor Doutor. O Senhor tem que investir na sua boca!

 

O fulano começa a trabalhar e eu sem perguntar o que ele estava a fazer pois tinha-lhe encomendado um serviço – a reposição do aspecto ex-ante quebra do dente – e entendi que estava a ser executado o conveniente. Só que a certo momento senti qualquer coisa que não era habitual e eis que dou comigo sem os quatro dentes de cima, ali bem ao meio da entrada. Não gostei, não entrei em pânico mas mostrei o meu evidente desagrado. Perguntei-lhe o que estava a fazer e ele teve o desplante de dizer que me estava a tratar do aspecto. Que eu concordara com a necessidade de investir na minha boca.

 

Mas é claro, eu tinha-me esquecido de que “quem cala consente” e, estando eu de boca aberta e sem proferir palavra, tive o meu silêncio como aprovação do projectado investimento. Só que o projecto era dele e não meu...

 

Zangado, ameacei processá-lo judicialmente e o fulano vá de me resolver o meu problema do dia seguinte colando uns dentes postiços na caverna que me abrira. Só que naquela época eu ainda fumava e tossi quando cheguei ao passeio da rua. É claro que logo ali me saltaram os dentes para a calçada. Dei meia-volta para ele mos colar de novo e lá voltei para a rua com o maior cuidado para seguir tudo em conveniência até ao dia seguinte.

 

Passada a reunião comigo a falar sem grande exuberância para ter a certeza de que a dentadura não saltava para a plateia, fui acumulando mau feitio contra o tal dentista “investidor”. Já sem pressas, encontrei outro que me tirou os moldes e me preveniu que teria que andar com os provisórios postos pelo “investidor” durante alguns dias para cicatrização completa da caverna mas que depois ia ficar com uma solução definitiva.

 

Assim foi a normalidade retomando conta da minha vida mas o mau feitio entretanto criado não se desvaneceu rapidamente.

 

No dia seguinte ia eu de carro quando um táxi apitou a trás de mim num cruzamento. Perguntado o que queria, o taxista apitou novamente a querer desafiar-me e não hesitei: parei o carro à frente do táxi, saí de trás do volante e fui direito a ele para lhe fazer e acontecer quando... me saltaram os dentes para o meio da rua. Ah que situação mais infeliz! Senti-me nu na praça pública.

 

Apanhei a dentadura do meio da estrada e meti-me no carro sem mais tugir. Entrada de leão, saída de sendeiro.

 

O taxista ainda hoje se deve rir daquele desdentado que fez figura de parvo na via pública, mesmo em frente do portão da residência oficial do Primeiro Ministro de Portugal.

 

Mas hoje posso rir-me à vontade: AH! AH! AH!

 

 

Henrique Salles da Fonseca

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