LOUVADA GERAÇÃO
Escrevi à Sr.ª Prof.ª:
"Gosto de ler a sua coluna de sábado no Expresso mas desta feita não fiquei feliz. Atribuir o mérito do processo de modernização em Portugal a uma única geração - e ainda por cima a última - pareceu-me julgamento falho daquela objectividade que é seu timbre. O processo de transformação de uma sociedade agrária num sociedade moderna foi iniciado em Portugal muito antes, Como noutros países europeus lutou com grandes resistências e gigantescas dificuldades, seguiu por caminhos tortuosos, registou muitos erros que exigiram penosas emendas e ainda não terminou., A fase presente está ainda longe de se poder considerar bem sucedida e estável, tanto no aspecto tecnológico como – e sobretudo – no que toca à moral pública. Eu colocaria o início do processo português de transformação de uma sociedade agrária numa sociedade moderna no ano de 1907, quando Alfredo da Silva instalou no Barreiro a sua então rudimentar indústria química. E, como sempre acontece, o arranque foi a etapa mais dura. O resto são decorrências. Alfredo da Silva, esse sim mereceria uma estátua".
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A Sr.ª Profª. respondeu
"Sei que a modernização tem muitos degraus. Não, não atribuo todos os méritos da modernização do meu pais à minha geração, Simplesmente estou farta de ouvir gente com responsabilidades, alguns meus amigos e colegas, a declararem que tudo está pior. Não é verdade. Além disso, queria referir-me sobretudo às liberdades fundamentais. Quanto a Alfredo da Silva, tenho por ele uma enorme admiração. Suponho que foi em 1990 que publiquei, no «Publico» – já nem sei onde pára – um texto a louvar as suas qualidades como empresário, uma avis rara em Portugal. Por isso, as suas relações com Salazar foram sempre tensas".
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Pois então eu disse:
" As relações de AS com AOS foram tensas mas com os republicanos foram mortíferas. Empresário detesta político, isso é dos livros e não tira o mérito à obra Cumprimentos”
Luís Soares de Oliveira