LIDO COM INTERESSE – 85
Título – DISPARA, EU JÁ ESTOU MORTO
Autora – Júlia Navarro
Tradutores – Rita Custódio e Àlex Torradellas
Editora – BERTRAND EDITORES
Edição – Setembro de 2018
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São 818 páginas de texto mais 7 de anexos com um glossário e uma listagem de personalidades reais que vaguearam por aquelas páginas todas.
A trama é a de duas famílias palestinianas – uma judia e outra árabe – que de profundamente amigas se vêem obrigadas a passarem a guerrear-se mutuamente com mortos de ambos os lados. Pior: em ambos os lados, as «pombas» são sempre encurraladas e não conseguem escapar aos «falcões». Mas este é o cenário resultante duma história magnificamente contada que começa na Rússia czarista, passa pelas guerras mundiais e desemboca na Palestina actual.
A grande plausibilidade da narrativa faz-nos passar por muitas personagens reais que a Autora entrelaça com as de ficção dando-nos uma visão das razões que opõem judeus e árabes, todos eles palestinianos.
Como é óbvio, não conto o final.
Tudo isto poderia ter sido descrito por um funcionário público mas, felizmente, foi contado por uma romancista pelo que em vez de um relatório chatíssimo, temos um romance estupendo que nos põe dentro do problema humano que a Palestina continua a ser.
Concluo recordando Golda Meir quando ela dizia que «se os árabes depuserem as armas, a paz será uma realidade, mas se os israelitas depuserem as armas, Israel deixará de existir».
Dezembro de 2018
Henrique Salles da Fonseca