LIDO COM INTERESSE – 78
Título – O PODER E A GLÓRIA
Autor – Graham Greene
Tradutor – Manuel Cordeiro
Editora – Leya, SA
Edição – 1ª, Fevereiro de 2018
A bem dizer, este texto deveria ser «RELIDO COM INTERESSE» pois na minha juventude já lera uma tradução francesa de que não gostei. E se naquela época não percebi por que é que não gostei, hoje percebi perfeitamente: apenas porque não tinha maturidade para perceber. Portanto, não gostei e atirei todas as culpas para cima da tradução. Injustiça óbvia.
A história é sobejamente conhecida mas dá para referir que se passa no Sul do México na primeira metade do séc. XX quando o regime político se azedou pelas mãos de uns quantos jacobinos e perseguiu ferozmente a Igreja, nomeadamente fuzilando os Padres que não renunciassem ao celibato, às celebrações e às confissões. O personagem central é Padre, decide não renunciar e foge durante uns quantos anos até que…
E agora não conto mais para não estragar a leitura de quem ainda não tenha lido a obra numa qualquer língua.
Mas respigo passagens que chamaram a minha atenção.
«Na infância há sempre um momento em que se abre uma porta para deixar entrar o futuro.» (pág. 22)
«Sob a sua mirada séria transformava-se (…) num fantasma que quase podia ser soprado para longe (…) nessa idade não temos medo de muitas coisas, da velhice e da morte, nem de tudo o resto que poderá acontecer, das mordidelas das serpentes, das febres, dos ratos e dos maus cheiros.» (pág. 45 e seg.)
«(…) o argumento do perigo só se aplica àqueles que vivem numa segurança relativa» (pág. 106), não a quem vive numa insegurança total e permanente.
«O sentido da inocência que acompanha o pecado é espantoso e só os homens duros e corajosos – e os santos – estão livres dele.» (pág. 192)
«Para que servia a confissão quando se amava o resultado do crime?». (pág. 196)
* * *
E por aqui me fico.
Quer saber mais? Leia o livro. Custou apenas uma mexeriquice.
8 de Agosto de 2018
Henrique Salles da Fonseca