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A bem da Nação

LIDERANÇAS

São dois os tipos de liderança: o autocrático e o democrático. Em ambas as hipóteses, a História classifica-as em benignas ou malignas. Os historiadores fazem passar a ideia de que não há o «assim-assim». Eu não sou historiador encartado e acho que os líderes também podem navegar nas meias-águas entre o bem e o mal: nem todos foram sempre bons, nem foram sempre maus. E isto, tanto nos democratas (p. ex. Nixon) como nos autocratas (Salazar, Tito…). Todos os líderes alcançam o poder pelo golpe ou pelo carisma mas golpista sem carisma ou sem polícia que o apoie é rapidamente «engolido» pelo seu próprio movimento revolucionário. A força dos autocratas é garantida por Polícias políticas; a perenidade dos democratas assenta sobretudo no carisma e quase marginalmente na qualidade das suas políticas. á quanto aos regimes, anotemos que a democracia é como a gravidez: está-se ou não grávida enão se está «um bocadinho grávida»; o regime é democrático ou é autocrático, não é «um bocadinho democrático». Democracia e ditadura são situações mutuamente incompatíveis: na democracia, a génese do poder está na base eleitoral (sentido ascendente) e as decisões são colegiais, geradas por negociação e aprovadas por consenso; nas autocracias é tudo às avessas. Nas democracias, «o ar que respiramos é igual para todos; nas autocracias, «só os iluminados» devem governar.

Contudo, a intensidade da autocracia varia desde a que se caracteriza pela governação unipessoal sobre um quadro jurídico de conhecimento e aplicação a todos os cidadãos sem excepções (v.g. «Estado Novo» salazarista) até ao fascismo correspondente à governação ao sabor do capricho do ditador (Mussolini, Hitler, Stalin, Mao, Fidel,…).

Pese embora o que a História nos conta, ambos os tipos de regime continuam a ter adeptos.

A liberdade de informação é característica essencial das democracias; o condicionamento da informação é comum nas autocracias. Daqui resulta que os podres são do conhecimento público nas democracias enquanto que nas autocracias só venha a público o que não incomode o ditador ou que lhe seja favorável. O jornalismo de investigação incomoda não só os investigados como também todos aqueles que preferem viver os idílios do desconhecimento da vileza humana. Estes, os que erradamente extrapolam para os vícios da democracia e para as virtudes da ditadura acusando a democracia de confundir liberdade com libertinagem.

O acesso dos malandros ao poder é claramente mais fácil nos regimes em que a informação é condicionada pois nas democracias os líderes em potência são amplamente escrutinados enquanto nas autocracias «o segredo é a alma do poder». E, mesmo assim, tropeçamos em malandros a toda a hora, nomeadamente aquele que nutrem sentimentos vorazes por montões de dinheiro, quer  público, quer privado.

CONCLUSÕES

  • A autocracia tende a «tapar as vergonhas» enquanto em democracia impera a «verdade do azeite»;
  • Em princípio, a liderança democrática oferece mais garantias de qualidade do que a autocrática;
  • O jornalismo de investigação é peça essencial da democracia, mas o sensacionalismo é criticável;
  • A decisão democrática, sendo assumida por consenso negociado, transmite a falsa ideia de que «já não hã líderes como antigamente»;
  • Também etas regras têm excepções.

Dezembro de 2022

Henrique Salles da Fonseca

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