«LACRIMOSA» - 1
18 DE DEZEMBRO DE 1961
Morte do Estado Português da Índia
Os efectivos militares portugueses em Goa, Damão e Diu nos finais de 1961 eram de 3500 homens[1] com armamento obsoleto, sem apoio aéreo e com presença simbólica da Marinha.
O então Tenente (mais tarde, General) Mário de Jesus Silva relata no seu livro «O sortilégio da cobra – descolonização obrigatória» que os poucos armamentos menos obsoletos foram retirados de Goa nos inícios de 1961 e enviados para Angola, «pérola» a salvaguardar a todo o custo, por ordem do então Subsecretário de Estado do Exército (?) Coronel (mais tarde, Marechal) Francisco da Costa Gomes.
Com apoio aéreo e naval, as forças terrestres invasoras contavam com 45 mil efectivos mais 25 mil de reserva e um «back support» que ultrapassava o milhão.
Não farei aqui um tratado sobre os condicionalismos estratégicos e tácticos duma putativa luta pela posse militar do território de Goa, do de Damão e muito menos do de Diu, mas resumo que o fim do Estado Português da Índia resultou da decisão da invasão militar indiana e da decisão portuguesa de não opor resistência.
A esterilidade da discussão sobre se se tratou de uma invasão ou de uma libertação é ultrapassável pela evidência militar da invasão ficando a libertação para perspectiva dos sathiagrahis.
Efeméride com 60 anos, tantos quantos em Portugal suportámos o jugo filipino. Mas…
Contudo, foram quase cinco séculos de vida em comum e se não faz mais qualquer sentido pensar em neocolonialismos, colhe, isso sim, alcandorar a riquíssima Cultura Indo-Portuguesa a Património da Humanidade.
18 de Dezembro de 2021
Henrique Salles da Fonseca
[1] - in «A queda da Índia Portuguesa», Cor. Carlos Alexandre Morais - informação bibliográfica fornecida pelo Coronel Pedro Calado Gomes da Silva