IDEOLOGIA
Perguntado sobre se a ideologia melhora ou piora o homem, sou levado a responder que melhora na medida em que dá um sentido à vida e que piora se se transforma numa alienação.
A ser verdade que «cada cabeça, sua sentença» e que «da discussão nasce a luz», então a ideologia serve de trave mestra na definição de parâmetros que enquadrem a discussão evitando derivas extravagantes. Mas se cada interveniente se colar monoliticamente à sua ideologia, então deixará de haver diálogo e tudo passa ao confronto entre teimosos graníticos. Está por escrever o diálogo entre duas pedras.
Daqui concluo que a ideologia é boa desde que os seus professos mantenham um espírito de abertura que lhes permita verificar se os seguidores de outras ideologias não terão alguma lógica também por si aceitável ou, no mínimo, compreensível.
A falta de uma ideologia representa a aridez mental propícia à manipulação, nomeadamente pela «mão invisível» tão actuante nestes dias que correm...
O culto da aridez mental, eis a prática dos ditadores e dos órgãos de comunicação generalistas; os temáticos manipulam tão descaradamente que se tornam ridículos e só apanham papalvos.
Sim, é preferível que se tenha uma ideologia.
Henrique Salles da Fonseca
(na grande Mesquita de Nova Delhi, Janeiro de 2008)