HOLISMO
Holismo (do grego holos que significa inteiro ou todo) é a ideia de que as propriedades de um sistema não podem ser explicadas apenas pela soma dos seus componentes. O sistema, como um todo, determina como se comportam as partes.
Já Aristóteles dizia na sua Metafísica que o todo é maior do que a simples soma das partes.
A palavra holismo foi criada por Jan Smuts, primeiro-ministro da África do Sul, no seu livro de 1926, Holism and Evolution, que a definiu como «a tendência da Natureza, através da evolução criativa, é a de formar qualquer "todo" como sendo maior do que a soma das suas partes».
Veja-se o mundo como um todo integrado, como um organismo.
É também chamado de não-reducionismo por ser o oposto ao pensamento cartesiano, ao atomismo ou mesmo ao materialismo.
Em matemática, chamemos-lhe matriz, determinante ou, mais simplesmente, sistema de equações (sim, dessas que aprendemos a resolver no Liceu) no sentido de que o que é verdade para cada uma das partes ou para o seu somatório não corresponde necessariamente à verdade de todas as premissas no seu conjunto devidamente integrado.
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Tudo isto, quando me lembrei de que o Professor Marcello Caetano, espírito superior e de sabedoria holística, lia vários livros em simultâneo.
Conhecemos o desfecho do seu Consulado e foi por isso que desde então me recusei a ler mais do que um livro de cada vez. Ou seja, continuo a preferir iniciar raciocínios pela via cartesiana e só depois de reflexões amadurecidas que me assegurem a plausibilidade das matrizes, é que me abalanço aos holismos.
Mais prosaicamente, «cada macaco no seu galho» pois cabe dividir as parcelas sobretudo se, como os contadores de histórias, já sabemos o fim antes de começarmos a escrever a primeira palavra da primeira linha.
O Doutor Salazar disse na sua tomada de posse como Ministro das Finanças do Governo presidido pelo General Vicente de Freitas: - Sei o que quero e para onde vou.
Sim, como a História demonstrou, ele estava munido de muito holismo. Contudo, quando as equações se revelavam ambíguas, a PIDE lá estava para, com certos passes de magia, lhe resolver as indeterminações que o seu sistema continha.
Nós, os comuns, temos que resolver as nossas inequações sem ajudas exógenas e, no entanto, não vamos ficar na História. Porquê? É porque somos incontáveis e não há holismo que nos valha.
Junho de 2016
Henrique Salles da Fonseca
(em Afrodisias, Ásia Menor)
BIBLIOGRAFIA:
Wikipédia