«GRANA PADANO»
Sempre tive para mim que grana padana era um queijo ralado italiano. Até ao momento em que me apercebi de que os naturais de Pádua não são os padovanos mas sim os patavinos. E o queijo é padano e não padana como eu dizia.
E, de surpresa em surpresa, eis-me a aprender algumas coisas...
Então, no meio daquela extensa planície do norte de Itália, corre o rio Pó que, à semelhança de todos os demais rios deste mundo criado por Deus, tem duas margens que são a esquerda e a direita mas que, neste caso, são a do norte e a do sul. E, à semelhança dos Açores, em toda a parte há vacas que comem, ruminam, estrumam e produzem leite. É deste que se produzem todos os respectivos derivados de que, neste caso, só me interessam os queijos. Na margem norte produz-se o chamado Grana Padano; na margem sul, o Parmigiano.
O termo “grana” significa “granuloso”, que é uma das caraterísticas deste queijo do vale do Pó; o adjectivo “padano” tem por etimologia o nome do rio em latim, “Padus”. O queijo pode ser comido às fatias ou ralado e eis que, afinal, eu não andava assim tão desavisado.
E, de descoberta em descoberta, lá fui parar a Pádua que no período romano se chamava Patávio e que na Idade Média foi um centro de grande importância no estudo e divulgação do Direito e da Teologia. Por aqui se percebe por que razão São Francisco de Assis cuidou de mandar o «seu Bispo» (professor de Ciências Sagradas 1) para a sua congregação naquela cidade. Refiro-me ao nosso Fernão de Bulhões que passou à História como Santo António de Lisboa e de Pádua.
Assim se compreende que os naturais de Patávio fossem os patavinos e que de quem nada soubesse de Direito nem de Teologia se dissesse que não sabia mesmo patavina daquelas matérias.
Fica a dúvida sobre se o nosso Santo António comia grana padano ou parmigiano às fatias ou ralados ou ainda se… nem sequer gostava de queijo. Contudo, estou em crer que teologicamente a dúvida é despicienda.
Junto a Balsa, Agosto de 2016
Henrique Salles da Fonseca