FREEDOM - 5
À volta de Gulliver, todos são liliputs e se alguns se julgam grandes, não passam de pigmeus. E quando algum pequenote se porta mal, é mandado para um canto, virado para a parede e com orelhas de burro. Sem desprimor para esse simpático animal que tão útil foi para a Sagrada Família.
* * *
Os EUA são um buraco negro que tudo absorve à sua volta ou é um benigno Tio Sam rodeado de sobrinhos e afilhados?
Humanamente, é um chamariz mirífico que atrai multidões desgraçadas pelo subdesenvolvimento intelectual de tiranos, tiranetes, caciques e caudilhos nepóticos. E a pergunta é: os EUA são poderosos porque são grandes ou porque são democráticos? Creio que a resposta é porque são democráticos e têm a sorte de serem grandes. Mas, para além do sentido democrático do regime pluripartidário e do plebiscito periódico e universal da opinião dos cidadãos, há o sentido cultural que dá à maioria dos políticos americanos o conceito de serviço ao bem comum, o Sentido de Estado enquanto nos liliputs raria a democracia e sobra o Sentido de Propriedade por parte do «Dono do País».
Nesta viagem, lembrei-me de Friedrich List que dizia que a liberdade comercial internacional só é globalmente útil quando os países envolvidos se encontram sensivelmente no mesmo grau de desenvolvimento; caso contrário, os mais desenvolvidos arrasam os menos desenvolvidos. Vidé, o caso da NAFTA a beneficiar os EUA e o Cabadá em desfavor do México. Mas será mesmo por isto que o México não passa duma relativa cepa torta ou é a tal questão cultural do Sentido de Estado dos dirigentes?
Baixando agora ao nível liliputiano, constato as diferenças abissais entre opções tão opostas como a da hostilidade cubana para com os EUA e a atitude cooperante das Bahamas com o macro vizinho. E os resultados são tão deferentes que me limito a dizer que os cubanos cantam para espantarem os males que os afligem enquanto nas Bahamas a abundância é evidente e o povo é sereno.
Boa solução, a das Bahamas, que tem um Rei lá longe e que não se imiscui na vida do país e um Tio (Sam) que lhe dá navios para registo em bandeira de conveniência. E a economia suporta perfeitamente uma moeda tão forte como o US$ ou a matriarcal £. E assim foi que me lembrei de quem certa vez disse que Trãs os Montes se esvaziaram porque não aguentaram uma moeda tão forte como foi o Escudo nos seus inícios. Não creio! Trás os Montes esvaziaram-se quando os trasmontanos se fartaram do ostracismo e optaram pela aventura de melhores paragens. E viva a «Porca de Murça» que vale hoje bem mais do que Maurício de Nassau.
FIM
Janeiro de 2023
Henrique Salles da Fonseca