FREEDOM - 3
Magnífico, o «campus» universitário de Medicina situado no limite urbano de Miami na saída para Everglades. Andam por lá portuguesas a estudar, o que ficámos a saber no dia seguinte ao pequeno-almoço quando duas jovens Senhoras, na mesa ao nosso lado, fizeram questão de nos fazer saber que por ali eram imigrantes intelectuais e não braçais. Votos de que o autismo corporativista médico português não lhes levante obstáculos ao exercício da profissão quando, prontas, regressarem.
«Everglades» significa «pântanos» e nada tem a ver com a eternidade sugerida pela partícula «ever». Mas para nós, pântano está associado a água estagnada, borbulhante de pútrida, fétida. Nada disso por ali, talvez haja alguma correnteza. Naquelas paragens, os crocodilos chamam-se aligators e se mudam de nome, não é por uma questão de originalidade mas porque têm características que os distinguem dos «primos» da «Lacoste»: o crocodilo tem o nariz recto e tendencialmente convexo enquanto os aligators têm um perfil côncavo; o aligator tem menos uma vértebra cervical do que o crocodilo pelo que aquele não flecte o pescoço – e assim é que pelo pescoço morre o aligator.
Dizem-me que o aligator não é perigoso. Não acredito! À semelhança dos crocodilos, têm aquela combinação terrível que é a de terem um cérebro pequeno e uma boca enorme cheia de dentes. É claro que não meti as mãos no pântano – com aquela água não me lavarei!
Regressados a Miami para o almoço e um passeio a pé para «esmoermos» a mexicanada, foi hora de emalar a trouxa pois no dia seguinte embarcaríamos por aqueles mares além…
(continua)
Janeiro de 2023
Henrique Salles da Fonseca
NB: Continuo convencido de que os grandes pássaros vistosos imóveis e os aligators alapados ali na berma junto ao barco… eram de porcelana.