«FANIE» (conclusão)
Soe dizer-se «a pedido de várias famílias» quando já não conseguimos identificar todos os pedidos de… qualquer coisa. No caso presente, fica, pois, o registo do pedido do meu Amigo Carlos Prieto Traguelho quanto ao modo como o Sô Manel se desenrasca sozinho e ficam sem menção especial os relativos à situação actual da «Fanie». Mais aproveito para informar neste breve intróito que a fantasia ficou lá a trás no texto inicial.
* * *
Cego que se prese usa bengala como valiosa substituta dos olhos falidos. E foi isso mesmo que fez o Sô Maneç durante uns tempos depois de a «Fanie» ter regressado à escola de cães-guia mas, por alguma razão que me escapou, decidiu abandonar o «varapau». Passou então a aceitar a boleia de quem segue na direcção que ele quer. Mas – e há sempre algum «mas» - poucas são as pessoas que sabem conduzir cegos: ou andam muito depressa, ou pegam no braço do cego, ou se esquecem de avisar da presença de um degrau,… Uma molhada de bróculos.
E, contudo, é muito fácil conduzir um cego:
1º- Deixe que seja o cego a pegar no seu braço ou ombro, não o contrário;
2º- Não puxe o cego, iguale a sua velocidade em relação à dele;
3º- Passe longe dos postes e outros obstáculos pois o cego vai ao seu lado e não a trás de si;
4º- Avise da existência de degraus.
Aos poucos, as pessoas da aldeia já vão sabendo destas normas e o Sô Manel já vai dando muito menos tropeções do que de início. Tout s’arrange…
E a «Fanie»?
Perguntei directamente ao Sô Manel quando, em Julho passado (2020)k também eu quase cego, nos encontrámos na esplanada.
- Mas que coincidência o Senhor perguntar-me por ela e eu ter telefonado ontem a saber se estava tudo bem. Que sim, tem estado como «mestra» de alunos cachorros mas há uma semana que está de licença de parto. Teve uma ninhada de seis canitos pretos, quatro meninos e duas meninas.
HAPPY END
Setembro de 2020
Henrique Salles da Fonseca