ET POUR CAUSE...
Ao período da História europeia compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente vulgarmente conhecida por «queda de Roma» em 476 d.C. e a queda do Império Romano do Oriente vulgarmente conhecida por «queda de Constantinopla» em 1453 d.C. chama-se Idade Média.
E chamou-se-lhe Média porque se situa entre a Idade Antiga, a que decorreu desde a invenção da escrita até 476 d.C. e a Idade Moderna que vai de 1453 até à Revolução Francesa, em 14 de Julho de 1789.
Feitas as contas, a Idade Média durou 1313 anos, o que foi suficiente para que muita coisa tenha acontecido no seu decurso…
E aconteceram muitas coisas ainda hoje tão importantes como a formatação política que com adaptações desenhou a Europa actual. Por exemplo, a constituição de Portugal com as fronteiras que hoje globalmente1 prevalecem.
A componente militar foi determinante em toda a construção europeia e essa a razão pela qual hoje é tão difícil reunir sob um único comando as Forças Armadas que durante séculos se guerrearam entre si.
Um Batalhão português sob comando espanhol? Só se for para ensaiar a repetição da Batalha de Aljubarrota ou da Guerra da Restauração.
Uma unidade militar francesa com tecnologia de ponta sob comando alemão? Só se for para um remake conclusivo de Verdun.
Uma Companhia de Fuzileiros inglesa sob comando dinamarquês? Só se for para expiação da alma de Hamlet.
E como foi a Europa construida?
Pois bem, com diversos modos mais ou menos violentos:
- Algaras – incursões militares em território inimigo como manifestação de poder (todas as que os cristãos faziam em território mouro e vice-versa);
- Bafordos – torneios em substituição de batalhas sob a égide de autoridades religiosas que arbitravam e confirmavam os resultados (foi no bafordo do Vale do Vez que os portugueses venceram os leoneses e castelhanos assim confirmando a determinação política da independência de Portugal; também, uma vitória do Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, contra o Arcebispo Gelmirez de Santiago de Compostela);
- Fossados – acções militares com saque mas sem intenção de conquista territorial, apenas com o objectivo de reforçar a fortuna dos atacantes (foi na sequência de um fossado que D. Afonso Henriques fez a Sevilha que se deu a batalha de Ourique em que os perseguidores foram derrotados);
- Presúrias – acções militares com saque e conquista territorial (todas as da reconquista cristã da Península Ibérica).
Et pour cause… de quando o Islão ameaça de novo Portugal e Espanha.
Julho de 2016
Henrique Salles da Fonseca
(na grande mesquita de Delhi, Janeiro de 2008)
1 - Excepção à usurpação espanhola de Olivença desde 1801