ESCARAVELHO - 2
ÁCHETSUP – nome quase indizível para praticantes de leitura rápida numa primeira aproximação a esta «faraona» que o foi mais «de facto» que «de jure». Ou terá sido precisamente ao contrário, mais «de jure» que «de facto»? Esta é uma questão a abordar noutro texto em que contarei uma história para ler ao som de violinos e com passarinhos esvoaçantes e cantantes…
Mas rapidamente resolvi o problema quando, rodeado de franceses, traduzi o nome para «achète soupe».
E foi com esta brincalhotice que coloquei ao nosso eruditíssimo guia (cristão copta) a questão fonética: como podemos saber se esta fonética corresponde minimamente aos sons pronunciados pelos antigos egípcios? E a resposta foi imediata: - Tirando algumas particularidades que se pudessem identificar na pronúncia, a antiga língua egípcia é a actual língua copta, a utilizada nas celebrações cristãs ortodoxas tal como os católicos usavam o latim nas suas celebrações antes de Concílio Vaticano II. Confesso que se encheu o espírito de dúvidas pois que, assim sendo, a tradução da Pedra de Roseta feita por Champollion teria sido uma impostura- e tudo aponta para que foi trabalho sério.
Colocada a mesma questão a outro guia turístico (neste caso, muçulmano), a resposta também foi imediata no sentido de que Champollion descobriu o significado dos hieróglifos, mas não a sua fonética; pode-se ler em qualquer língua e, de facto, o sapientíssimo (?) guia cristão lera muitos hieróglifos utilizando a língua francesa. Instalada a dúvida, espero que a interpretação tenha sido minimamente correcta.
Três dúvidas restam por esclarecer:
- Qual a inequívoca origem da língua copta?
- Porquê Achetsup e não quaisquer outros sons tais como «Laurindinha» ou …?,
- Quando perguntei durante um espetáculo de som e luz em karnac, como se tinha conseguido «traduzir os sons musicais, a resposta foi imediata: - Inspiração hollywoodesca.
Tudo meditado, preio que, depois de uma solução milenar na continuidade oral, é impossível retomar a fonética dos egípcios faraónicos.
(continua)
Abril de 2023
Henrique Salles da Fonseca