ENTÃO, TUDO COMEÇOU ASSIM… (4)
De Gaspar ainda hoje nada se descobriu mas se quanto a Miguel a espera foi de quinhentos anos, aguardemos… sentados, claro.
Então, se o desaparecimento de Miguel foi em 1502 e a redescoberta se refere a 1511, o que andou ele a fazer entretanto?
E aqui entram os soldados e marinheiros de Tavira e de Marrocos, os de Miguel e – quem sabe? – os da guarnição de Gaspar também.
Resta-nos a hipótese de tentarmos ver o «filme» do fim para o princípio pegando no que hoje dizem os Melungos. E o que dizem eles?
Os Melungos intitulam-se «Portuguese Melungeons» e não há quem combata a vontade de um povo que se afirma.
E a afirmação é peremptória: «melungeons» como resultado do «mélange» entre os algarvios d’aquém e d’além mar tripulantes das caravelas de Gaspar (?) e de Miguel Corte Real com as nativas daquelas paragens a que mais tarde se viria a chamar «índias» na sequência do bluff geográfico de Cristóvão Colombo que chegou às Caraíbas julgando que estava na Índia. E esse «mélange» acentuou-se uns séculos mais tarde com os escravos negros que entretanto por ali andaram, com europeus de diversas origens e sabe Deus com quem mais… O resultado é um ADN que dá para tudo e, a bem ver, para nada. Uns mais trigueiros que outros, uns com feições mais arianas que outros, todos foram durante séculos ostracizados pelo racismo a ponto de lhes ter sido negado o direito de voto por não serem brancos. E de ostracismo racial em ostracismo político, acabaram por se alojar nos Apalaches onde hoje ainda se encontram núcleos relevantes.
Creio que actualmente já não devem ter um único gene português, que muitos deles nem sequer sabem onde é Portugal mas o que me interessa é o que eles dizem e o que dizem é que são portugueses.
Têm diversas páginas na Internet e grupos no Facebook que podem ser encontrados através duma busca tão simples como digitando «Portuguese Melungeons».
https://www.facebook.com/groups/PortugueseMelungeons/?ref=group_header
Entretanto, vou-lhes ensinando português…
E pronto, foi assim que tudo começou para chegarmos onde estamos, na afirmação de que Portugal é claramente a «casa» de todos os lusófilos.
Aceito ajudas.
Agosto de 2018
Henrique Salles da Fonseca