ENTÃO, TUDO COMEÇOU ASSIM… (3)
Conforme já referi, Vasco Anes II ficou em Tavira como Alcaide-mor mas os irmãos Miguel e Gaspar dedicaram-se às navegações ora por conta do Rei ora por conta privada deles próprios e de outros.
Assim, relativamente às descobertas de João Vaz, os filhos navegadores estavam «mortinhos» pela tomada da posse efectiva das terras a que um pouco pela calada (não esquecer a necessidade da guarda do segredo) os cartógrafos já apelidavam de «as terras dos Corte Reais». Sim, à época, as cartas de marear eram autênticos segredos de Estado mas quando deixaram de o ser, passámos a saber de como aquelas paragens eram chamadas, «dos Cortes Reais».
Tendo o descobridor morrido em Angra no ano de 1496, sucedeu-lhe o filho mais velho na função de Capitão-donatário mas não muito mais tarde, Vasco Anes II foi chamado pelo Rei D. Manuel I a Lisboa para assumir o cargo de Vedor da Fazenda, aquilo a que hoje chamamos Ministro das Finanças.
Terá sido em 1500 que Gaspar Corte Real conseguiu fazer a sua primeira viagem à Terra Nova (a que actualmente se chama New Foundland) na qualidade de comandante, já no reinado de D. Manuel I e o entusiasmo com que de lá regressou foi tanto que logo no ano seguinte (1501) encetou nova expedição. Mais uma vez, a tripulação era constituída por algarvios d’aquém e d’além mar (do nosso Algarve e de Marrocos). Sugiro aos Leitores que registem esta particularidade, a de se tratar de algarvios da zona de Tavira e de algarvios marroquinos.
Zarparam, pois, em 1501 rumo a noroeste mas ninguém mais os viu…
Perda muito sentida, foi em 1502 que o irmão Miguel partiu com nova tripulação algarvia em busca dos desaparecidos e… ninguém mais os viu.
Vasco Anes quis ir em busca dos irmãos - só que o Rei não o dispensou das funções de Ministro das Finanças.
Mas - e há sempre um «mas» - cerca de quinhentos anos depois apareceu em Dighton, num dos muitos recantos de Fall River, uma pedra com diversas inscrições onde inequivocamente se lê, junto de três brasões portugueses
MIGUEL
CORTEREAL
1511
SEGUNDA CONCLUSÃO: Miguel Corte Real não se afundou em 1502 e esteve em Fall River no ano de 1511.
(continua)
Agosto de 2018
Henrique Salles da Fonseca