EM DEFESA DA MASSA
Ainda o artigo de António da Cunha Duarte Justo:
«NOVE MILHÕES DE EUROS COM DELEGADOS SINDICAIS»
Fiz as contas, dividi 9 000 000 de euros por 28 delegados sindicais, mesmo sem a calculadora e deu-me 32 000 E, mais coisa menos coisa, por cabeça, mas pensei logo que estava a levar a referência muito à letra, pois os 9 000 000 também devem incluir a renda do edifício sindical, mais as mulheres da limpeza, os detergentes e o café da máquina, além das garrafinhas de água, desconheço a marca, para molhar as palavras sindicais, o que, descontado aos 9 000 000 reduz substancialmente os vencimentos pessoais. Seguidamente a estas deduções, compreendi as razões por que os sindicatos da Educação não se extinguem – nem os demais, de resto - pois a pretexto de defenderem os interesses dos professores e elementos auxiliares, os delegados sindicais não deixam de constituir uma boa mina para si próprios, o que é de inteira justiça, como coisa praticada por todos os responsáveis na distribuição dos bolos, segundo a fórmula “quem parte e reparte e não fica com a maior parte ou é tolo ou não tem arte” e não é nunca esse o caso, pois, oferecendo a côdea, mais vistosa e dura de roer, aboletam-se com o miolo, em duradoura degustação de comprazimento e benefício próprio. António da Cunha Duarte Justo refere quanto pela Alemanha as coisas divergem, os síndicos acumulando o seu trabalho sindical com o trabalho docente, o que não se passa cá, a docência sendo coisa complicada, e muito sujeita às pedradas dos teóricos que preferem estudar por outros teóricos em vez de virem à praça experimentar as teorias.
Mas é preciso separar as águas. Se os tais síndicos acumulassem docência e sindicato, acumulariam dois vencimentos de desproporção vexatória, não só porque o mais ínfimo em vencimento é reconhecidamente o mais afanoso, mas também porque seria redutor da aura teorizadora sindicalista que apela muito à greve por via da massa pecuniária, por não lhe importar a massa escolar.