EM BOLANDAS E ANDANÇAS
«Bolanda» significa «baldão» e este significa «desventura», «contrariedade», «trabalho em vão»; «andança» significa «andar, mudar-se daqui para ali...».
Antes da nossa História, Goa andou em bolandas durante muito tempo entre várias hegemonias hindus até que caiu sob o domínio muçulmano durante uns tempos (cerca de um século) ao que Afonso de Albuquerque pôs fim em 1510, conquista que prevaleceu até 18 de Dezembro de 1961, faz agora 55 anos.
E os goeses sempre a amoxarem apesar de, no Estado Português da Índia, as elites terem tido um reconhecimento único entre todos os povos não totalmente autónomos. Mais: essas elites reforçaram o seu desempenho quando emigraram para a Metrópole colonial. Que outros colonizadores proporcionaram um tal estatuto?
E agora, o que se passa?
Agora continuam a amoxar sob a hegemonia hindu, a invasão ganti (a dos gantis, os oriundos dos montes Gates). Só resta saber durante quanto tempo. Séculos? Muito provavelmente, até que a cultura goesa desapareça por completo.
Como é que isto é possível? Falta de coragem. Só!
Só? Não! Também porque há muita vilania, inveja, acomodação, traição, tudo provocado por uma pequena palavra: receio. E, receoso, o goês mostra que, afinal, é quase indiano. Porquê quase? É que a genética introduziu uma importante diferença: a diferença entre o receio cerimonioso e o medo cobardolas.
Goeses: mostrem-me onde é que eu estou errado... se tiverem coragem.
Novembro de 2016
Henrique Salles da Fonseca
(frente ao Arco dos Vice-Reis, Cidade de Goa, NOV15)