ECCE POPULISMUS - 1
Segundo o texto bíblico, quando Jesus foi acusado pelos sacerdotes judeus perante Pôncio Pilatos, governador da Judeia, depois de o interrogar, não encontrou motivos para a condenação. Mas como o povo presente no julgamento vociferava contra o prisioneiro exigindo a crucificação, Pilatos mandou flagelá-lo e depois exibi-lo ensanguentado acreditando que a multidão se comoveria. Este, o episódio que ficou conhecido como Ecce homo, ou seja, Eis o homem.
Mas o povo não se comoveu.
Pressionado, Pilatos tentou um último recurso: mandou trazer um condenado à morte, tido como ladrão e assassino, chamado Barrabás e, valendo-se de uma suposta tradição judaica, concedeu ao povo o direito de escolher qual dos dois acusados deveria ser solto e qual deveria ser crucificado.
O povo indultou Barrabás.
Eis o populismo em todo o seu esplendor erróneo.
Para fundamentação da Democracia, convenhamos que o exemplo deixa muito a desejar mas admito que no erro então cometido na opção popular, os sacerdotes do Templo tenham tido influencia decisiva pois, claramente, temiam que «O Rei dos judeus» lhes tirasse audiência.
O mesmo se passa na actualidade com os «opinion makers» a distorcerem tudo, a manipularem todos.
E a pergunta fica: - Como seria a nossa vida se não tivéssemos tantos «xicos espertos» no meio de nós?
Outubro de 2018
Henrique Salles da Fonseca
(na Sinagoga de Amesterdão, JAN18)