«...E VÓS, TÁGIDES MINHAS...» - 8
ou
O MUNDO VISTO A PARTIR DA MINHA VARANDA
Orgulho bisonho, inveja venenosa, , jactância vaidosa.
* * *
Eis três dos defeitos mais comuns
de que a política padece. E quem
diz a política, diz a sociedade em
geral. E se com o mal dos outros podemos nós bem, reste-nos a consolação de que o problema não
é só nosso, mas também perturba
outras sociedades que se dizem
mais evoluídas.
Orgulho é a recusa de reconhecer os
erros cometidos; bisonho porque teimoso e envergonhado. A desculpa esfarrapada de que «na circunstância,
foi a decisão correcta». Ficam amiúde por explicar as tais circunstâncias.
Inveja é, tendo ou não tendo o bom, querer que o outro o não tenha. E se o activo invejado é a fama, até a calúnia serve para a iconoclasia. Um veneno social que conduz ao aniquilamento dos méritos. Ao nivelamento por baixo, à mediocridade.
Jactância é a gabarolice mais ou menos inflamada conforme a clarividência ou a acefalia da audiência arrebanhada em comício. A sublimação do peso na consciência pelos erros cometidos no passado, a estratégia de apagamento dos adversários, a «fuga para a frente».
E se estas são realidades com que n os cruzamos com alguma frequência no teatro da patologia social, tudo o que é vaidade, veneno e recalcamento,
parece ser atraído pela política e assentar nas extremas. Que maçada!
Outubro de 2022
Henrique Salles da Fonseca