«... E VÓS TÁGIDES MINHAS...» - 1
ou
O MUNDO VISTO A PARTIR DE LISBOA
- 1140 – Bafordo do Vez
- (…)
- 1385 – Batalha de Aljubarrota
- 1415 – Conquista de Ceuta
- 1418 – Redescoberta e tomada de posse da Madeira
- 1422 – Início da tomada de posse dos Açores
- (…)
- 1580 – fatídicas C*ortes de Almeirim
- 1640 – Restauração da Soberania Nacional
- (…)
- 1975 – Regresso à dimensão europeia
* * *
Em todo o nosso processo histórico, muitos foram os fios de espada gastos, nomeadamente em Aljubarrota, mas não quero esquecer dois pensadores decisivos. Refiro-me a D. João Peculiar de quem se fala menos do que de Egas Moniz e a João das Regras de quem se fala menos do que de D. Nuno Álvares Pereira. E, contudo, foram esses quase ocultos cuja erudição decidiu a definição dos interesses estratégicos do «Portugal a ser» no vale do Vez e do «Portugal em risco de ser» nas circunstâncias de Aljubarrota.
* * *
Dos poucos episódios assinalados, dá para extrair várias conclusões, dentre as quais assinalo que…
- …as nossas opções estratégicas variaram ao longo dos tempos;
- … nem sempre houve uma sequência lógica no curso da nossa História;
- … as batalhas resultaram mais do pensamento do que do improviso ou do capricho;
- … nem sempre os «opinion makers» foram patriotas.
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Numa perspectiva euro centrista, fomos os primeiros a ir e fomos os últimos a voltar, fomos os que mais tempo andámos por fora. E isso foi entre o dia 21 de Agosto de 1415 com a batalha da conquista de Ceuta e o dia em que, em 1975, a última colónia africana assumiu a respectiva independência.
E porquê tanto tempo? Porque nos miscigenámos, vivemos e deixámos viver enquanto outros mantiveram distâncias humilhantes e até chegaram ao extermínio das gentes locais. Quanto a nós, fizemos amigos desde a nossa feitoria mais oriental em Nagasaki até às alturas pós andinas do rio Solimões no interior amazónico.
E se assim foi quando eramos um potentado, por maioria de razões a nossa estratégia actual, autorreduzidos que estamos à dimensão europeia, assenta imperativamente na paz. Mas na paz auto comandada e não na paz demolidora das nossas virtualidades defensivas como pretendiam os «pacifistas» do moscovita «Comité Português para a Paz e Cooperação». A esta pseudo paz de submissão à Rússia respondemos com uma inequívoca pertença à NATO.
Lisboa, 15 de Setembro de 2022
Henrique Salles da Fonseca
NOTAS DE PÉ DE PÁGINA
1 - Título - «Os Lusíadas», Canto I, estrofe 4
2 – Patriotas - «…também entre os portugueses traidores houve algumas vezes» - «Os Lus+iadas», Canto IV, estrofe 33