DOS BICHOS E DOS HOMENS
Desta vez, refiro-me a um quase-continente cheio de caipiras e de jagunços.
Desse país era oriundo o motorista que há dias nos conduziu em breve percurso em Lisboa e que afirmo que, «por lá, o ensino privado não chega nem à sombra do ensino público em Portugal». Fiquei contente por saber que aquele imigrante se sente bem por cá e fiquei triste por ter a confirmação de que ainda não foi desta vez que aquele quase-continente conseguiu democratizar a educação de qualidade. E digo «educação» pois à Escola actual não competia apenas a «instrução». Porquê? Por duas razões que me parecem fundamentais: 1. A destruição (mais ou menos intencional) da família; 2. O imediatismo consumista, exibicionista e hedonista que tomou conta dos objectivos dos actuais cidadãos do mundo.
E é este ser - que vagueia pelas selvas urbanas e que as televisões exibem doentiamente que só aceita direitos rejeitando as obrigações - que vem pondo filhos no mundo. Estes, pois, os que têm que ser educados e não apenas instruídos. Por muito que nos cuate, temos que admitir que a missão é a de transformar «bichos» mais ou menos bárbaros em cidadãos responsáveis. Por isto, os Ministérios passaram a ser da Educação e não mais da Instrução. Eis por que ao pessoal docente e não docente se tem de pedir que sejam domadores de feras e, em paralelo, que sejam exemplos de civismo, de ética e de moral. Oxalá que sobre tempo para ministrar os programas curriculares.
Assim respondo à pergunta de Schiller por que é que ainda somos uns bárbaros.
Sem pretensões de esgotar o tema, avanço com mais um mote para reflexão: - Bárbaro é todo aquele que ignora o Decálogo.
Continuemos…
Henrique Salles da Fonseca