DO MEU «LOROSAE» - 8
«Cada terra com seu uso;
Cada roca com seu fuso» …
… apesar da lógica friedmaniana e da globalização.
- Volta, Colbert! Estás (quase) perdoado!
* * *
Depois de introito algo «sui generis», convém desembaraçar o emaranhado de referências.
Colbert queria que França produzisse tudo o que consumia. O mesmo se diga de Nehru em relação à Índia e de Nicolae Ceaucescu para a sua Roménia.
Modelo necessariamente fechado (ao exterior) e em que não entravam em jogo conceitos como vantagens comparativas internacionais nem economias de escala ou sequer a tipificação regional de certos produtos. Colbert impediu que os franceses comessem queijo de Serpa e Ceausescu impediu os romenos de comer. Na Índia, a casta ignorada continua em drástico regime de anorexia.
Dando um salto na História e nos compêndios de Economia, chegamos à globalização onde, a pretexto de «partir os dentes» aos Sindicatos de Detroit, se iniciou a deslocalização industrial do Ocidente para o Oriente numa base de interesse mútuo entre a tecnologia (ocidental) e a mão de obra barata oriental. Assim chegámos à situação actual de penosa dependência ocidental relativamente ao Oriente. Tudo é «Made in PRC» e o resto são paisagens de lazer (ou de sobrevivência). E se o «dragão chinês» bufa, o resto do mundo agacha-se.
Solução?
Repatriamento imediato da produção deixando na China as fábricas necessárias ao aprovisionamento dos mercados orientais. E só! Então, quando xi vir as exportações a pique, logo bufará mais fininho tentando agarrar-se à cadeira do poder… se ainda for a tempo.
Temos que chamar os bois pelos nomes. A NATO já definiu a Rússia como «O inimigo». Deixemo-nos de eufemismos: o próximo será o Senhor Xi e seus camaradas, não necessariamente a China continental.
Entretanto, passado o marxismo para o campo das falácias, desmoronado o leninismo com fragor e o stalinismo (em parceria com o nazismo) passado a crime contra a Humanidade, substituída a quase totalidade dos «colarinhos azuis» por robots, aburguesados os Sindicatos, elevadas as políticas sociais (sobretudo na Europa) e as condições gerais do trabalho para níveis que Marx nunca imaginou estamos em condições de incentivar o repatriamento das indústrias em tempos deslocadas para o Oriente. Tudo, sem necessidade de «partir os dentes» a ninguém.
A ver se nos despachamos!
23 de Agosto
Henrique Salles da Fonseca