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A bem da Nação

DO DESENVOLVIMENTO - 5

NOTA PRÉVIA

À semelhança dos textos anteriores sob a mesma epígrafe, este também é de opinião, não é nem pretende ser um Tratado sobre a Teoria do Desenvolvimento; não me limito a descrever conceitos e modelos, não hesito em emitir juízos de valor.

* * *

Tenho o conceito de bem comum e o modelo de desenvolvimento numa relação direecta uma vez que cada modelo de desenvolvimento resulta necessariamente de um conceito de bem comum; o vice-versa pode não ser tão taxativo porquanto a um conceito de bem comum podem corresponder vários modelos alternativos de desenvolvimento. A biunivocidade não é linear.

A biunivocidade não é linear nos regimes democráticos, pluripartidários mas nos regimes monolíticos, ditatoriais, não há discussão de nada, não há modelos alternativos de desenvolvimento e os conceitos de bem comum são autocraticamente definidos (por unanimidade) de acordo com a vontade do «dono da verdade».

Estou, obviamente, a referir a todos os países comunistas eufemisticamente denominados «socialistas, democráticos e populares» e academicamente chamados «de direcção e planeamento centrais».

Nestes conceitos de bem comum e de modelo de desenvolvimento enquadram-se actualmente todos os países com regimes totalitários marxistas leninistas e maoistas já que de trotskistas e gramscianos  não houve experiências históricas registadas com perenidade suficiente para que se consiga estabelecer alguma distinção dos casos conhecidos de flagrante fiasco no que se refere ao «bem comum contido pela cortina de ferro»  e à ruina económica em resultado da diabolização marxista do lucro e, consequentemente, da morte conjunta da poupança e do investimento. De tudo, testemunha a inversão estrondosa do «determinismo histórico» de Marx.

Em Portugal, os adeptos deste fiasco historicamente registado são o PCP (marxista leninista e stalinista) e o BE (marxista gramsciano, trotskista, anarquista…) e o MRPP (marxista maoista).

Noto o absurdo de uma corrente de pensamento que pugna pela anulação do Estado (no sentido de Autoridade pública), o anarquismo, se integrar em Partido, 0  o BE, onde as correntes dominantes são as marxistas trotskista e gramsciana que preconizam a supremacia absoluta da Autoridade pública com exclusão de tudo o mais[i].

O modelo marxista de desenvolvimento assenta na propriedade pública de todos os meios de produção cuja missão é a de  cumprirem as determinações qualitativas e quantitativas emanadas da Administração Central do Plano com exclusão de todas as alternativas e improvisos; o conceito de bem comum assenta no princípio de que o Estado assegura todas as necessidades das pessoas com excepção de todas as alternativas de provedoria. E à pergunta de como se justifica o grande crescimento económico da República Popular da China, a resposta é pelo abandono chinês do modelo exclusivamente comunista e, desde a liderança de Deng Xiao Ping, a adopção do modelo «um país (politicamente comunista) dois sistemas (económicos)» em que prevalecem dois motores de desenvolvimento, a saber, as empresas privadas e a inexistência de liberdade sindical (mão de obra a raiar a escravatura). E não estou a referir o trabalho prisional forçado.

Cada bugiganga que compramos na «loja do chinês» na esquina ali ao fundo, configura a nossa conivência com a barbárie enunciada.

(continua)

Janeiro de 2021

Henrique Salles da Fonseca

 

[i] - Historicamente, registe-se que em 1920, o Príncipe Pyotr Kropotkin, líder do movimento anarquista russo, morreu na mais aviltante miséria de fome frio por ter sido votado ao ostracismo pelo poder soviético então liderado por Lenine. Para saber mais, ver p. ex. https://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Kropotkin

 

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