DIGO EU QUE...

… as pessoas se distinguem pelo nível intelectual mas tanto melhor se pertencerem a uma família que come de garfo e faca há várias gerações.

Henrique Salles da Fonseca

3 comentários

Anónimo 08.11.2020 14:42

O pior, Henrique, são os contraexemplos em ambos os sentidos. Os que, embora de nível intelectual elevado, dão para cometer ações ou ter comportamentos censuráveis, apesar do “pedigree” familiar, e os que sendo de nível intelectual inferior são “fazedores” meritórios.
Prefiro, pois, que a distinção se faça pelo que os homens (e mulheres) fazem, e a este propósito cito Carlos Drummond de Andrade: “Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer”.
Como corolário do pensamento do poeta brasileiro chegamos à frase, tantas vezes ouvida, “Por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”, isto, claro, quando o Código Civil definia o casamento como a união de duas pessoas de sexo diferente, mas reconheço, por outro lado, que a parte final da frase não restringe que a mulher influenciadora seja a cônjuge. Honni soit…
Abraço amigo.
Carlos Traguelho
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Adriano Lima 09.11.2020 02:45

Esta afirmação é susceptível de polémica. Como a expressão "comer de faca e garfo" há muitas gerações significa boa origem social, a afirmação resulta em premissa falsa porque pode haver pessoas que não descendem de uma grande casta familiar e que no entanto se distinguem pelo seu nível intelectual. E o inverso é também verdadeiro, pois pertencer a uma família de pergaminhos sociais não atesta por si só a condição propiciadora de um bom nível intelectual.
É a minha opinião, Dr. Salles.
Henrique Salles da Fonseca 09.11.2020 10:50

Uma explicação é devida.
Comer de garfo e faca é típico da civilização europeia e, mesmo assim, é hábito relativamente recente pois só apareceu na Idáde Média e só muito mais tarde se vulgarizou.
No Extremo Oriente come-se com pausinhos (fa-xi, à chinesa) e noutras regiões come-se à mão a partir de um recipiente comum a todos os comensais.
Se me desembaraço relativamente bem com os pausinhos, cumpre-me confessar a dificuldade inultrapassável de comer a partir duma gamela comum e à mão. Passei por experiência traumatizante e definitivamente me recuso a correr o risco de voltar a ter um peixe formidável no centro da mesa e o nosso guia (Major reformado do Exército do país que visitávamos) tirava da boca as espinhas e devolvia-as ao prato central donde era suposto nós, os outros, continuarmos a servir-nos. Escusado será dizer que a refeição terminou ali e nós, ocidentais, ficámos algo constrangidos a assistir ao espectáculo do Major.
Portanto, «comer de garfo e faca há várias gerações» não tinha na minha escrita outro significado que não este mesmo: não ter usos e costumes chocantes.
Mais: sendo eu filosoficamente republicano, não poderia (nem sequer qutereria) fazer opções de casta. Darwin ensinou-nos que as castas são absurdas.
Conclusão: em Roma, sejamos romanos.

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